Metodologias e arqueologia pré-colonial no Brasil: implicações epistemológicas e teóricas
DOI:
https://doi.org/10.24885/sab.v36i1.1009Palavras-chave:
Arqueologia pré-colonial e etnologia indígena, Metodologias de campo e de análise em arqueologia, Implicações epistemológicas e teóricas, Arqueologia no BrasilResumo
A escrita deste texto impôs-se a partir da falta de articulação entre arqueólogos especialistas na época pré-colonial e etnólogos, o que revela o empobrecimento dos conhecimentos produzidos por ambas as áreas no Brasil. O objetivo da pesquisa é, através da discussão acadêmica sobre metodologias de campo e de análise (se é que é possível separar tão nitidamente estas etapas do trabalho de produção de conhecimentos arqueológicos), refletir sobre as várias possibilidades de se fazer arqueologia e, com isto, contribuir para a compreensão mais qualificada dos coletivos indígenas pré-coloniais no Brasil, objetivo e objeto de todos os arqueólogos pré-historiadores. Inicialmente, partiu-se da reflexão, desde o ponto de vista teórico-metodológico, sobre a relação entre a Arqueologia Pré-colonial e a Etnologia Indígena, a partir de um panorama, mas enfatizando o contexto brasileiro. Ao final, pretendeu-se discutir e problematizar métodos e técnicas utilizados pela comunidade arqueológica brasileira durante os trabalhos de campo e na análise das informações e materiais recolhidos, a fim de refletir sobre as implicações epistemológicas e teóricas advindas do emprego de determinada metodologia, apontando para ênfases e prioridades, sem o intuito, contudo, de enrijecer ou de normatizar classificações ou tipificações.
Downloads
Referências
BARTH, Fredrik. Cosmologies in the Making: A Generative Approach to Cultural Variation in Inner New Guinea. Cambridge (UK): Cambridge University Press, 1987.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Antropologia do Brasil: mito, história e etnicidade. São Paulo: Brasiliense: Edusp, 1986.
DAVID, Nicholas; KRAMER, Carol. Teorizando a etnoarqueologia e a analogia. Horizontes Antropológicos, v. 8, n. 18, p. 13-60, 2002.
FLANNERY, Kent V.; MARCUS, Joyce. Cognitive Archaeology. In: WHITLEY, D. S. (ed.). Reader in Archaeological Theory: Post-Processual and Cognitive Approaches. London (UK): Routledge, 1998. p. 35-48.
GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes, 1997.
GEERTZ, Clifford. Ritual and Social Change: A Javanese Example. American Anthropologist, v. 59, n. 1, p. 32-54, 1957.
LEACH, Edmund. L’unité de l’homme. Paris (FRA): Gallimard, 1980.
LEMOS, Caroline Murta; PELLINI, José Roberto. A teoria na prática arqueológica: uma conversa sob a luz do luar. Habitus, v. 9, n. 1, p. 333-47, 2011.
LEROI-GOURHAN, André. Leçon inaugurale faite le vendredi 5 décembre 1969. Paris (FRA): Collège de France, 1970.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos. Lisboa (POR): Edições 70, 1981.
LEWIS-WILLIAMS, James David. The Economic and Social Context of Southern San Rock Art. Current Anthropology, v. 23, n. 4, p. 429-449, 1982.
MARCUS, George. Parody and the Parodic in Polynesian Cultural History. Cultural Anthropology, v. 3, n. 1, p. 68-76, 1988.
NOVAES, Sylvia Caiuby. Jogo de espelhos: imagens da representação de si através dos outros. São Paulo: Edusp, 1993.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Problemas e hipóteses relativos à fricção interétnica: sugestões para uma metodologia. Revista do Instituto de Ciências Sociais, v. 4, n. 1, p. 41-91, 1967.
POLITIS, Gustavo. Acerca de la etnoarqueología en América del Sur. Horizontes Antropológicos, v. 8, n. 18, p. 61-91, 2002
SAHLINS, Marshall. Islands of History. Chicago (USA): University of Chicago Press, 1985.
SEEGER, Anthony. Os índios e nós: estudos sobre sociedades tribais brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 1980.
SILVA, Aracy Lopes da. Tradições, inovações e criatividade: a análise comparativa de cosmologias vistas como processo. Anuário Antropológico, v. 13, n. 1, p. 189-207, 2018 [1989].
SILVA, Sergio Baptista da. Etnoarqueologia dos grafismos kaingang: um modelo para a compreensão das sociedades Proto-Jê meridionais. 2001. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
TEIXEIRA-BASTOS, Marcio; FERREIRA, Lucio Menezes; HODDER, Ian. Isso não é um artigo: dialogando com Ian Hodder sobre a virada ontológica em arqueologia. Revista de Arqueologia, v. 33, n. 2, p. 118-134, 2020.
WHITLEY, David S. New Approaches to Old Problems: Archaeology in Search of an Ever-Elusive Past. In: WHITLEY, D. S. (ed.). Reader in Archaeological Theory: Post-Processual and Cognitive Approaches. London (UK): Routledge, 1998. p. 1-28.
WILLIAMS, Eduardo. Introducción: la etnoarqueologia como antropología. In: WILLIAMS, E. (ed.). Etnoarqueología: el contexto dinámico de la cultura material a través del tiempo. Zamora de Hidalgo (MEX): El Colegio de Michoacán, 2005. p. 13-33.
YENGOYAN, Aram. Cultural Forms and a Theory of Contraints. In: Becker, A. L.; Yengoyan, A. (org.). The Imagination of Reality: Essays in Southeast Asian Coherence Systems. New Jersey (USA): Ablex Publishing, 1979.
YENGOYAN, Aram. Language, Myth and Ontology in Aboriginal Australia: The Pitjantjatjara of Central Australia. Cambridge (USA): Anthropology Department Seminar, Harvard University, 1988.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Sergio Baptista da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.