Classificação morfológica automatizada em cerâmicas Asurini do Xingu

Autores

  • Karla Bianca da Silva Oliveira Universidade Federal do Piauí
  • Ângelo Alves Corrêa Universidade Federal do Piauí. Curso de Arqueologia
  • Fabiola Andrea Silva Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.24885/sab.v36i1.1028

Palavras-chave:

Classificação automatizada, Classificação morfológica, Morfometria geométrica, Arqueologia Tupi, Cerâmica Asurini

Resumo

Neste artigo apresentamos um experimento de análise morfológica, realizado a partir de preceitos da Morfometria Geométrica em vasilhas cerâmicas Asurini, do Xingu. Nosso objetivo é fomentar discussões sobre a construção de um protocolo de captura automática de perfil cerâmico, de baixo custo e complexidade, com alto grau de confiabilidade. Deste modo, com o auxílio de ferramentas da morfometria geométrica, buscamos capturar informações matemáticas de perfis de exemplares cerâmicos de alta variabilidade, e compará-los entre si. Para tal tarefa, adequamos o protocolo de execução a contextos não biológicos, no qual efetuamos uma dispersão de pontos de referência de modo arbitrário, aplicada igualmente a todos os exemplares. Com isso, efetuamos uma coleta de informações baseada em pixels de imagem. Os resultados confirmaram que a análise de representações digitais de artefatos usando a morfometria geométrica permite classificações semelhantes àquelas utilizadas pelos grupos sociais que os produziram. Além disso, tal análise pode fornecer indícios sobre possíveis mudanças de função e manutenção na morfologia de vasilhas cerâmicas. Isso demonstra o quanto análises exploratórias por meio de ferramentas digitais podem auxiliar na compreensão de mudanças e permanências nos conjuntos artefatuais. A análise explanatória proporcionada por este experimento se colocou como um passo relevante na construção de um algoritmo para análise morfológica automatizada, alinhada a um programa continuado de restituição histórica de longa duração dos povos associados ao tronco linguístico Tupi.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Karla Bianca da Silva Oliveira, Universidade Federal do Piauí

Pesquisadora Associada ao Laboratório de Arqueologia e estudos de Tecnologia da Universidade Federal do Piauí - LATEC/UFPI.

Referências

ANICHINI, Francesca; GATTIGLIA, Gabriele. Big archaeological data. The ArchAIDE project approach. In: The Data Way to Science. Associazione Consorzio GARR, p. 22-25, 2018.

ARCHER, Will; BRAUN, David R. Variability in bifacial technology at Elandsfontein, Western cape, South Africa: a geometric morphometric approach. Journal of Archaeological Science, v. 37, n. 1, p. 201-209, 2010.

BUCHANAN, Briggs; COLLARD, Mark. A geometric morphometrics-based assessment of blade shape differences among Paleoindian projectile point types from western North America. Journal of Archaeological Science, v. 37, n. 2, p. 350-359, 2010.

CARDILLO, Marcelo. Some applications of geometric morphometrics to archaeology. In: Morphometrics for nonmorphometricians. Springer Berlin Heidelberg, 2010. p. 325-341.

CORRÊA, A. G. Pindorama de Mboia e Iakaré: continuidade e mudança na trajetória das populações Tupi. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

DRYDEN, Ian L.; MARDIA, Kanti V. Statistical shape analysis: with applications in R. John Wiley & Sons, 2016.

FORNEL, R.; CORDEIRO-ESTRELA, P. Morfometria geométrica e a quantificação da forma dos organismos. In: Jorge R. Marinho; Luiz U. Hepp; Rodrigo Fornel. (Org.). Temas em Biologia: Edição comemorativa aos 20 anos do Curso de Ciências Biológicas e aos 5 anos do PPG-Ecologia da URI Campus de Erechim. 1. ed. Erechim: EDIFAPES, p. 101-120, 2012.

HERZLINGER G, GROSMAN L. AGMT3-D: A software for 3-D landmarks-based geometric morphometric shape analysis of archaeological artifacts. PLoS ONE 13(11): e0207890. 2018. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0207890

KARASIK, Avshalom; SMILANSKY, Uzy. Computerized morphological classification of ceramics. Journal of Archaeological Science, v. 38, n. 10, p. 2644-2657, 2011.

KLINGENBERG, Christian Peter. MorphoJ: an integrated software package for geometric morphometrics. Molecular ecology resources, v. 11, n. 2, p. 353-357, 2011.

LYMAN, R. Lee. On the past and future of discussing, teaching, and learning the hows and whys of archaeological systematics. Journal of Archaeological Science, v. 131, p. 105412, 2021.

MEJIAS, U.A., COULDRY, N. (2019). Datafication. Internet Policy Review, [online] 8(4). Available at: https://policyreview.info/concepts/datafication [Accessed: 28 May. 2022].

MÜLLER, Regina A. Polo. Asurini do Xingu. Revista de Antropologia, p. 91-114, 1984.

MÜLLER, Regina A. Polo. Asurini do Xingu. 2002. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/povo/asurini-do-xingu>. Acesso em 25 ago 2017.

OKUMURA, Mercedes; ARAUJO, Astolfo GM. Archaeology, biology, and borrowing: A critical examination of Geometric Morphometrics in Archaeology. Journal of Archaeological Science, v. 101, p. 149-158, 2018.

PEREZ, S. Ivan; BERNAL, Valeria; GONZALEZ, Paula N. Differences between sliding semi‐landmark methods in geometric morphometrics, with an application to human craniofacial and dental variation. Journal of anatomy, v. 208, n. 6, p. 769-784, 2006.

RIBEIRO, B. G. A oleira e a tecelã. Revista de Antropologia, São Paulo, n. 26, p. 25-61, 1982.

SCHINDELIN, Johannes et al. Fiji: an open-source platform for biological-image analysis. Nature methods, v. 9, n. 7, p. 676-682, 2012.

SCHINDELIN, Johannes et al. The ImageJ ecosystem: An open platform for biomedical image analysis. Molecular reproduction and development, v. 82, n. 7-8, p. 518-529, 2015.

SILVA, Fabiola Andrea. As Tecnologias e seus Significados. Um Estudo da Cerâmica dos Asuriní do Xingu e da Cestaria dos Kayapó-Xikrin sob uma Perspectiva Etnoarqueológica. 2000. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

SILVA, Fabíola Andréa. Mito e arqueologia: a interpretação dos Asurini do Xingu sobre os vestígios arqueológicos encontrados no parque indígena Kuatinemu-Pará. Horizontes antropológicos, v. 8, n. 18, p. 175-187, 2002.

SILVA, Fabíola A. A organização da produção cerâmica dos Asurini do Xingu: uma reflexão etnoarqueológica sobre variabilidade e padronização artefatual. Arqueología Suramericana, v. 5, n. 2, p. 121-137, 2009.

SILVA, Fabíola Andréa. Ceramic Production Technology among the Asurini of Xingu: Technical choices, transformations, and enchantment. Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, v. 16, 2019.

TEIXEIRA, Mateus Henrique Rodrigues. Do 2D ao 3D: fotogrametria aplicada à digitalização dos objetos do Museu Memória do Bixiga. 2018.119 f. Dissertação (Educação, Arte e História da Cultura) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.

THULMAN, David K. Discriminating Paleoindian point types from Florida using landmark geometric morphometrics. Journal of Archaeological Science, v. 39, n. 5, p. 1599-1607, 2012.

TORCIDA, Sebastián; PEREZ, S. Ivan. Análisis de procrustes y el estudio de la variación morfológica. Revista argentina de antropología biológica, v. 14, n. 1, p. 131-141, 2012.

VAN DER MAATEN, Laurens et al. Computer vision and machine learning for archaeology. Proceedings of Computer Applications and Quantitative Methods in Archaeology, p. 112-130, 2006.

WANG, Li-Ying; MARWICK, Ben. Standardization of ceramic shape: A case study of Iron Age pottery from northeastern Taiwan. Journal of Archaeological Science: Reports, v. 33, p. 102554, 2020.

WALLACE, M., BONHOMME, V., RUSSELL, J. et al. Searching for the Origins of Bere Barley: a Geometric Morphometric Approach to Cereal Landrace Recognition in Archaeology. J Archaeol Method Theory 26, 1125–1142 (2019). https://doi.org/10.1007/s10816-018-9402-2

WEBSTER, M. A. R. K.; SHEETS, H. DAVID. A practical introduction to landmark-based geometric morphometrics. Quantitative methods in paleobiology, v. 16, p. 168-188, 2010.

WENDRICH, W. Archaeology and apprenticeship. Body knowledge, identity, and communities of practice. Tucson: The University of Arizona Press. 2012.

WILCZEK, J., MONNA, F., BARRAL, P., BURLET, L., CHATEAU, C., & NAVARRO, N. (2014). Morphometrics of Second Iron Age ceramics – strengths, weaknesses, and comparison with traditional typology. Journal of Archaeological Science, 50, 39–50. doi: 10.1016/j.jas.2014.05.033

Downloads

Publicado

2023-01-18

Como Citar

OLIVEIRA, Karla Bianca da Silva; CORRÊA, Ângelo Alves; SILVA, Fabiola Andrea. Classificação morfológica automatizada em cerâmicas Asurini do Xingu. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 36, n. 1, p. 170–183, 2023. DOI: 10.24885/sab.v36i1.1028. Disponível em: https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1028. Acesso em: 12 fev. 2025.

Edição

Seção

Artigo