Encontro da comunidade de Tauary da FLONA Tefé, Amazonas, com os potes de antigamente, com a arqueologia e consigo mesma: o devir de um museu comunitário
DOI:
https://doi.org/10.24885/sab.v37i1.1122Palavras-chave:
Colaboração, Arqueologia Amazônica, Comunidades tradicionaisResumo
O artigo apresenta algumas reverberações do encontro de quinze urnas arqueológicas com a comunidade de Tauary, localizada na zona de amortecimento da Floresta Nacional de Tefé, no médio rio Solimões, Amazonas. O achado potencializou o desejo da salvaguarda do material e da criação de um museu comunitário para o gerenciamento dos referenciais patrimoniais, onde a memória é o eixo estruturador do passado. Essa história também é atravessada pela vontade de construção de uma escola de alvenaria que convida à prática arqueológica para assumir seu caráter dialógico e formativo. Da mesma forma, o espaço é aberto para uma atuação engajada, em que as pesquisas se tornam aliadas das demandas locais, assim como se vislumbra o desenvolvimento de práticas colaborativas por meio das relações de autoajuda e compadrio, que são marcas constitutivas da formação das comunidades tradicionais a partir da década de 1980.
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