Arqueologia com pipoca: construções de gênero e raça no cinema
DOI:
https://doi.org/10.24885/sab.v37i2.1142Palavras-chave:
arqueologia, imagem, cinema, gênero, racismoResumo
Este artigo analisa, a partir de um viés antropológico e arqueológico, a imagem da arqueologia, suas construções e representações nas produções cinematográficas. É importante perceber que o cinema é uma arte absurdamente discursiva; dessa forma, os discursos se constituem, sobretudo, nas inferências. A percepção artística depende do background cultural de cada expectador. Em meu recorte deste campo de investigação, pautei-me na composição das imagens apontadas nos filmes da plataforma digital Netflix, que recebeu esse enfoque por ser o streaming de maior acesso da atualidade. Para isso, classifiquei os títulos de modo quantitativo por ordem de produção; em seguida, a partir da análise fílmica, observei a alegoria por repetição, para enfim recusar a posição judicativa de uma arqueologia branca e homogênea. Dessa forma, tenciono fomentar discussões acerca das narrativas que não falam somente de arqueologia, mas das relações de gênero, raça, diversidade, entre outros. Objetivo mostrar que, na sétima arte, os enredos, as imagens, os discursos e os silêncios contribuem para o racismo estrutural e a invisibilidade de gênero no constructo da arqueologia enquanto disciplina acadêmica, naturalizando lugares de poder e fazendo parte da nossa visão de mundo para além das telas de cinema.
Downloads
Referências
ABU-LUGHOD, Lila; REGO, Francisco Cleiton Vieira Silva do; DURAZZO, Leandro. A escrita contra a cultura. Equatorial, v. 5, n. 8, p. 193-226, 2018.
ARAUJO, Astolfo Gomes de Mello. Por uma arqueologia cética: ontologia, epistemologia, teoria e prática da mais interdisciplinar das disciplinas. Curitiba: Appris, 2019.
BAXTER, Jane Eva. Popular Images and Popular Stereotypes: Images of Archaeologists in Popular and Documentary Film. The SAA Archaeological Record, v. 2, n. 4, p. 16-17, 2002.
BEZERRA, Marcia. Archaeology as Allegory: The Representations of Archaeology in Children’s Literature in Brazil. In: SIMANDIRAKI-GRIMSHAW, Anna; STEFANOU, Eleni (ed.). From Archaeology to Archaeologies: The ‘Other’ Past. Oxford (GB): British Archaeological Reports, 2012. p. 67-76.
CARLAN, Claudio Umpierre. Arqueologia: as histórias presentes em nossas vidas: trabalhos práticos em Paraguaçu, Minas Gerais. Revista Arqueologia Pública, v. 10, n. 2[16], p. 52-59, 2016.
CAROMANO, Carolina Fernandes et al. Nem todas são Betty ou Anna: o lugar das arqueólogas no discurso da Arqueologia Amazônica. Revista de Arqueologia, v. 30, n. 2, p. 115-129, 2017.
CARVALHO, Aline; SILVA, Bruno Sanches Ranzani da. Arqueologia e socialização do conhecimento: Indiana Jones, mostre-nos o que sabes. Ciência e Cultura, v. 65, n. 2, p. 45-48, 2013.
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. 2. ed. Caxias do Sul: Editora da Universidade de Caxias do Sul, 2002.
FRANKLIN, Maria et al. The Future is Now: Archaeology and the Eradication of Anti-Blackness. International Journal of Historical Archaeology, v. 24, p. 753-766, 2020.
GELL, Alfred. Arte e agência. Tradução Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Ubu, 2018.
HARTEMANN, Gabby. Nem ela, nem ele: por uma arqueologia (trans*) além do binário. Revista Arqueologia Pública, v. 13, n. 1[22], p. 99-115, 2019.
HOLTORF, Cornelius. Welcome Back, Indy. New Scientist, 17 May 2008. Comment and Analysis. Disponível em: https://www.academia.edu/16978385/Comment_Indy_is_back?auto=download. Acesso em: 31 jan. 2024.
IKE, Nkem; MILLER, Gabrielle; HARTEMANN, Gabby Omoni. Anti-Racist Archaeology: Your Time is Now. The SAA Archaeological Record, Washington, DC (US), p. 12-16, Sept. 2020. Disponível em: https://www.academia.edu/44257082/Anti_Racist_Archaeology_Your_Time_Is_Now?auto=download. Acesso em: 14 fev. 2024.
LEACH, Edmund. A diversidade da antropologia. Tradução Marília Costa Fontes. São Paulo: Edições 70, 1982.
MOSER, Stephanie. Archaeological Representation: The Consumption and Creation of the Past. In: CUNLIFFE, Barry et al. (ed.). The Oxford Handbook of Archaeology. Oxford (GB): Oxford University Press, 2009. p. 1048-1077.
PRUDENTE, Celso Luiz; SILVA, Paulo Vinícius Baptista (org.). 16ª Mostra Internacional do Cinema Negro: educação, cultura e semiótica. São Paulo: Jandaíra, 2020. E-book.
PYBURN, Karen Anne. Public Archaeology, Indiana Jones, and Honesty. Archaeologies, v. 4, p. 201-204, 2008.
RIBEIRO, Loredana et al. A saia justa da arqueologia brasileira: mulheres e feminismos em apuro bibliográfico. Estudos Feministas, v. 25, n. 3, p. 1093-1110, 2017.
SHEPHERD, Nick; GNECCO, Cristóbal. “Cuando la mano que sostiene el palustre es negra…”: prácticas disciplinarias de autorepresentación y el asunto de la mano de obra “nativa” en arqueología. Arqueología Suramericana/Arqueologia Sul-Americana, v. 5, n. 1, p. 3-20, 2009.
SHOHAT, Ella. Des-orientar Cleópatra: um tropo moderno de identidade. Cadernos Pagu, v. 23, p. 11-54, 2004.
SOUZA, Rafael de Abreu e. Deixa meu cabelo em paz e outros contos sobre arqueologia do racismo à brasileira. Revista de Arqueologia, v. 33, n. 2, p. 43-65, 2020.
TIMELINE of Greatest Film Milestones and Turning Points in Film History. Filmsite, 2009. Disponível em: https://www.filmsite.org/1914-filmhistory.html. Acesso em: maio 2021.
TV BRASIL. Irmãos Lumière apresentavam o cinematógrafo há 125 anos. Brasília, DF: TV Brasil, 2020. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo TV Brasil. Disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-brasil/2020/12/irmaos-lumiere-apresentavam-o-cinematografo-ha-125-anos. Acesso em: 1 maio 2021.
VESSONI, Eduardo. Conheça Akakor, a cidade perdida na Amazônia de onde ninguém volta. Nossa UOL, 24 jan. 2022. Disponível em: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2022/01/24/conheca-akakor-a-cidade-perdida-na-amazonia-de-onde-ninguem-volta.htm. Acesso em: 23 jan. 2024.
WEIL, Pierre. A normose informacional. Ciência da Informação, v. 29, n. 2, p. 61-70, 2000.
XAVIER, Ismael. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
ZANETTINI, Paulo Eduardo. “Indiana Jones deve morrer”. Jornal da Tarde, p. 4-5, 18 maio 1991.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Débora Cristiane Blois Nascimento

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.