Na beira da cava

Arqueologia, educação patrimonial e direitos humanos em Serra Pelada, Pará, Amazônia

Autores

  • Marcia Bezerra

Palavras-chave:

arqueologia de contrato, Amazônia,, Serra Pelada

Resumo

Neste texto discuto a arqueologia de contrato na Amazônia brasileira e sua relação com o patrimônio e as comunidades locais, considerando as assimetrias produzidas pelos projetos de desenvolvimento de larga escala legitimados pelo Estado e reificados pela arqueologia. Ao examinar um projeto de educação patrimonial, concluo que tais iniciativas, ao invés de promoverem a inclusão social a partir do patrimônio, podem, de fato, aprofundar as desigualdades. Este estudo de caso reflete sobre os impactos dessas ações em Serra Pelada, uma vila de garimpeiros/as de ouro, na qual a dramática violação dos direitos humanos demonstra que o papel da arqueologia está além de seus contornos epistêmicos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACSELRAD, H. 2004. Conflitos Ambientais: a atualidade do objeto, in ACSELRAD, H. (Org.), Conflitos Ambientais no Brasil, Relume Dumará, Fundação Heinrich Böll, Rio de Janeiro, pp.7-11.

APPADURAI, A. 1986. Introduction: commodities and the politics of value. In: APPADURAI, A. (Ed.), The Social Life of Things: commodities in cultural perspective. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 3-63.

APPLE, M. 2003. Educando à direita: mercados, padrões, Deus e desigualdade. São Paulo, Cortez/Instituto Paulo Freire.

AYALA, P.R. 2007. Relaciones entre atacameños, arqueólogos y Estado em Atacama (norte de Chile). Estudios Atacameños: Arqueología y Antropología Surandinas, 33: 133-157.

BEOVIDE, L., CAPORALE, M. 2009. La Arqueología de Contrato em el marco de la gestión integral del patrimônio arqueológico de la región metropolitana de Montevideo. Revista de Arqueologia Americana, 27: 7- 35.

BEZERRA DE MENESES, U. T. 2007. Premissas para a Formação de Políticas Públicas em Arqueologia. Revista do Patrimônio, Iphan, 33: 37-58.

BEZERRA, M. 2013. Os Sentidos Contemporâneos das Coisas do Passado: reflexões a partir da Amazônia. Revista Arqueologia Pública, 7: 107-122.

BEZERRA, M. 2012. Signifying Heritage in Amazon: a public archaeology project at Vila de Joanes, Marajó Island, Brazil. Chungara, 44 (3): 363-373.

BEZERRA, M. 2010. ‘Nossa Herança Comum’: considerações sobre a Educação Patrimonial na Arqueologia Amazônica. In: PEREIRA, E. & GUAPINDAIA, V. (Orgs.) Arqueologia Amazônica. Belém, MPEG, vol. 2, pp.1021-1036.

BEZERRA, M.; RAVAGNANI, L.R. (Orgs.) 2012. O Verdadeiro Ouro de Serra Pelada: histórias de vida do garimpo. Belém, GK Noronha.

BEZERRA, M.; RAVAGNANI, L.R. 2013. “Se eu não tiver a minha bateia, quem vai dizer que sou garimpeira?”: a memória, a identidade e as coisas no garimpo de Serra Pelada, Amazônia. Iluminuras, 14 (34): 355-360.

BEZERRA, M., SCHAAN, D.P. & CAROMANO, C.F. (orgs.) 2012. Arqueologia e Educação Patrimonial em Serra Leste, Curionópolis, Pará. Belém, GK Noronha.

BORGES, A. 2013. Sem profissionais, Iphan caminha para a falência, diz diretor. Valor Econômico. Seção Macroeconomia. http://www.valor.com.br/brasil/3233190/sem-profissionais-iphan-caminha-para-falencia-diz-diretor (Acesso em 17 de outubro de 2013).

BOURDIEU, P. 2002. Campo de Poder, Campo Intelectual: Itinerario de un concepto. Editorial Montressor.

BOURDIEU, P. 2004. Esquisse pour une auto-analyse. Raisons d'agir.

BOURDIEU, P. 2005. Esboço de Auto-Análise. São Paulo, Companhia das Letras.

BRASIL 2013. PAC 2. 2º Balanço – Julho-Setembro de 2011, http://www.pac.gov.br/pub/up/relatorio/49d8db11c7ce9549ca01e831e502d23e.pdf. (Acesso em 10 de agosto de 2013)

CABRAL, M. P. - No tempo das pedras moles – arqueologia e simetria na floresta. Tese de Doutorado). Belém, Universidade de Federal do Pará, 2014.

CASTANEDA, Q. E. 2008. The ´Ethnographic Turn´ in Archaeology. Research Positioning and Reflexivity in Ethnographic Archaeologies. In: CASTANEDA, Q.E., & MATTHEWS, C.N. (Eds.), Ethnographic Archaeologies: reflections on stakeholders and archaeological practices. Altamira Press, pp. 25-61.

CASTAÑEDA, Q. 2014. Situating Activism in Archaeology: The Mission of Science, Activist Affect, and the Archaeological Record. In: ATALAY, S.; CLAUSS, L.; MCGUIRE, R. & WELCH, J. (Eds.), Transforming Archaeology. Left Coast Press. (no prelo)

CATULLO, M. R. 2006. Ciudades Relocalizadas: una mirada desde la antropologia social. Buenos Aires, Ed. Biblos.

CHAUÍ, M. 2000. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo, Moderna.

CORRÊA, A. L. (ed.). 1979. Educação de massa e ação comunitária. Rio de Janeiro, AGGS/MOBRAL.

ECKERT, C. 2012. Memória e Trabalho: etnografia da duração de uma comunidade de mineiros de carvão (La Grand-Combe, França). Curitiba, Appris.

FAVRET-SAADA, J. 2005. Ser afetado (trad. de P. de S.Lopes). Cadernos de Campo, 13: 155-161.

FREIRE, P. 1999. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra.

FREIRE, P. 2002. Ação cultural para a liberdade. São Paulo, Paz e Terra.

FUNARI, P.P.; ZARANKIN, A.; REIS, J.A. dos (Orgs.) 2008. Arqueologia da repressão e da resistência: América Latina na era das ditaduras (décadas de 1960-1980). São Paulo, Annablume.

G1. 2013. Vale recebe 'prêmio' de empresa com pior atuação social e ambiental. 'Prêmio' é concedido pelo Greenpeace da Suíça e Declaração de Berna. Vale ficou em 1º lugar em votação aberta ao público, http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2012/01/vale-recebe-premio-de-empresa-com-pior-atuacao-social-e-ambiental.html. (Acesso em 29 de agosto de 2013)

GALEANO, E. 1982. As Veias Abertas da América Latina. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

GNECCO, C. 2011. Antropología y arqueologia: relaciones oblicuas. In: AYALA, P. & VILCHES, F. (Eds.), Teoría Arqueológica en Chile: reflexionando em torno a nuestro quehacer disciplinario. Qillqa, Universidad Católica del Norte: Universidade de Chile, pp. 25-40.

GNECCO, C., AYALA, P. (eds.) 2010. Pueblos Indígenas y Arqueologia en America Latina. Ediciones Uniandes.

GONÇALVES, J. R. S. 2005. Ressonância, Materialidade e Subjetividade: as culturas como patrimônios. Horizontes Antropológicos, 11 (23): 15-36.

HABER, A. 2010. Arqueología y Desarrollo: anatomia de la complicidad. In: WASSILOWSKY, A. H.(Org.), Arqueología y desarrollo en América del Sur: De la práctica a la teoria. Instituto de Estudios Peruanos (IEP): pp. 13-18.

HILBERT, K. 2006. Qual o compromisso social do arqueólogo brasileiro? Revista de Arqueologia, 19: 89-102.

HODDER, I. 2010. Culture Heritage Rights: from ownership and descent to justice and well-being. Anthropological Quaterly, 83 (4): 861-882.

LAMEGO, V. (Ed.) 2012. Vale – Nossa História. Verso Brasil Editora.

LÉVI-STRAUSS, C. 2003. Introdução à Obra de Marcel Mauss. In: MAUSS, M. Sociologia e Antropologia, Trad. Paulo Neves, São Paulo, Cosac & Naif, pp. 11-46.

LITTLE, B. J.; SHACKEL, P. A. (eds.) 2007. Archaeology as a Tool of Civic Engagement. Altamira Press.

LONDOÑO, W. 2013. Arqueología para el desarrollo y arqueologia del desarrollo: uma visión desde Colombia. In: WASSILOWSKY, A. H. (Org.), Arqueología y desarrollo en América del Sur: De la práctica a la teoria, Instituto de Estudios Peruanos (IEP), pp.147-166.

LUCAS, G. 2010. Trianguling Absence: exploring the fault-line between archaeology and anthropology, in GARROW, D. & YARROW, T. (Eds.), Archaeology & Anthropology: understanding similarity, exploring difference. Oxford, Oxbow Books, pp. 28 – 39.

MARSHALL, Y. 2002. What is Community Archaeology? World Archaeology, 34 (2): 211-219.

MATHIS, A.; BRITO, D.C.; BRÜSEKE, F.J. 1997. Riqueza Volátil: a mineração de ouro na Amazônia. Belém, Cejup.

MAUSS, M. 2003. Sociologia e Antropologia. Cosac & Naif, São Paulo.

MCGUIRE, R. 1999. A Arqueologia como Ação Política: o Projeto Guerra do Carvão do Colorado. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, Supl. 3: 387-397.

MICELI, S. 2005. Introdução: A Emoção Raciocinada. In: BOURDIEU, P. Esboço de Auto-Análise. São Paulo, Companhia das Letras, pp. 7-20.

OLIVEIRA, J. L.1989. As Origens do Mobral. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas.

PYBURN, K. A. 2009. Practicing Archaeology – As If It Really Matters. Public Archaeology, 8 (2-3): 161-175.

RIBEIRO, G. L. 1987. ¿Cuánto más grande mejor? Proyectos de gran escala: una forma de producción vinculada a la expansión de sistemas económicos. Desarrollo Económico, 27 (105): 3-27.

RIBEIRO, G. L. 1991. Empresas Transnacionais: Um Grande Projeto Por Dentro. São Paulo, Ed. Marco Zero.

RIBEIRO, G. L. 2008. Poder, redes e ideologia no campo do desenvolvimento. Novos Estudos - CEBRAP [online], 80: 109-125.

ROCHA, G. 2005. PAS x MOBRAL: Convergências e Especificidades. 28ª Reunião da ANPED, Minas Gerais. http://28reuniao.anped.org.br/textos/gt18/gt18733int.rtf. (Acesso em 03 de março de 2013).

ROSE, N.,; MILLER, P. 1992. Political Power beyond the State: Problematics of Government. The British Journal of Sociology, 43 (2): 173-205.

SABLOFF, J. 2008. Archaeology Matters: action archaeology in the modern world. Left Coast Press.

SCHAAN, D. 2007. Múltiplas Vozes, memórias e histórias: por uma gestão compartilhada do patrimônio arqueológico na Amazônia. Revista do IPHAN: Patrimônio Arqueológico – o desafio da preservação. Brasília: DF: Iphan, 33: 109- 136.

SCHAAN, D. P. SANTOS, A. DOS, & W. C. OLIVEIRA. 2011. Programa de Prospecções e Educação Patrimonial em Serra Leste, Curionópolis/PA. Relatório Final. Volume I. UFPA, Belém.

SCHAAN, D. P.,; LIMA, A. P. 2011. Programa de Prospecções e Educação Patrimonial em Serra Leste, Curionópolis/PA. Relatório Final. Volume II. UFPA, Belém.

SCHWARTZ, O. 1990. Le monde privé des ouvriers. Hommes et femmes du Nord. Paris, PUF.

SILVA F., A., BESPALEZ, E.; STUCHI, F.F. 2011. Arqueologia colaborativa na Amazônia: Terra Indígena Kuatinemu, Rio Xingu, Pará. Amazônica, 3 (1): 32-59.

STANCHI, R. 2013. ´Agora, todos temos trabalho!´ - Arqueologia preventiva no Brasil: da ilusão da preservação à escavação como um fim (lucrativo) em si mesmo. Apresentado no Inter-Congress of the World Archaeological Congress (WAC): Desvelando a Arqueologia de Contrato, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

WASSILOWSKY, A. H. 2013. Arqueología y desarrollo en el Perú. In: WASSILOWSKY, A. H. (Org.), Arqueología y desarrollo en América del Sur: De la práctica a la teoria. Instituto de Estudios Peruanos (IEP): pp. 75-96.

ZANETTINI, P. 2009. Projetar o futuro da Arqueologia Brasileira: desafio de todos. Revista de Arqueologia Americana, 27: 71-84.

ZHOURI, A. 2007. Conflitos Sociais e Meio Ambiente Urbano. Comunidades, Meio Ambiente, Desenvolvimento, 17: 1-8, http://pt.scribd.com/doc/97748326/Andrea-Zhouri-Conflitos-Sociais-e-Meio-Ambiente-Urbano (Acesso em 06 de setembro de 2013).

ZHOURI, A.; GOMES, L.A. 2007. Da Invisibilidade à Mobilização Popular: atores e estratégias no licenciamento ambiental das hidrelétricas Capim Branco I e II. Anais do II Seminário Nacional Movimentos Sociais, Participação e Democracia, UFSC, Florianópolis, Brasil.

Downloads

Publicado

2015-12-30

Como Citar

BEZERRA, Marcia. Na beira da cava: Arqueologia, educação patrimonial e direitos humanos em Serra Pelada, Pará, Amazônia. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 28, n. 2, p. 216–288, 2015. Disponível em: https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/437. Acesso em: 12 out. 2024.

Edição

Seção

Artigo