Figuras zoo-antropomorficas e seus adornos corporais

ponteado, linha incisa e modelagem na cerâmica Konduri (1000 - 1500 A. D.)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24885/sab.v33i1.701

Palavras-chave:

Iconografia, Perspectivismo, Corporeidade

Resumo

A figuração Konduri (1000-1500 A.D.) é apresentada e discutida através da iconografia de figuras zoo-antropomorfas com adornos de cabeça – apêndices de cerâmica aplicados à borda da cerâmica – cujos atributos discretos e salientes jogam com a alternância entre figuras compondo uma imagem mental. As estratégias visuais da cerâmica Konduri nos falam sobre a transformação de corpos, objetos e artefatos cuja produção engendra relações entre seres humanos e animais. Proponho esse debate com base nas análises iconográficas da cerâmica Konduri a fim de contribuir para a ampla discussão sobre materialidade e corporalidade na arqueologia amazônica e, através da teoria animista e perspectivista, para identificar e compreender a profundidade temporal em suas expressões materiais contemporâneas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARBOSA DE FARIA, João. 1946. A cerâmica da tribo Uaboí dos rios Trombetas e Jamundá. A Contribuição para o Estudo da Arqueologia Pré-histórica do Baixo Amazonas. Ministério da Agricultura, CNPI. Publicação nº 89. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional.

BARCELOS NETO, Aristóteles. 2001. O universo visual dos xamãs wauja (Alto Xingu). Journal de la Société des Américanistes 87, 87:137-160.

BARCELOS NETO, Aristóteles. 2004. As máscaras rituais do Alto Xingu um século depois de Karl von den Steinen. Société suisse des Américanistes/Schweizerische Amerikanisten-Gesellschaft Bulletin 68: 51-71.

BARCELOS NETO, Aristóteles. 2006. De divinações xamânicas e acusações de feitiçaria: imagens Wauja da agência letal. Mana 12, 2: 285-313.

BARRETO, Cristiana Nunes Galvão de Barros. 2008. Meios místicos de reprodução social: Arte e estilo na cerâmica funerária da Amazônia antiga. Tesis Doctoral. Universidade de São Paulo.

COSTA, Jucilene Amorim; DA COSTA, Marcondes Lima; KERN, Dirse Clara. 2013. Analysis of the spatial distribution of geochemical signatures for the identification of prehistoric settlement patterns in ADE and TMA sites in the lower Amazon Basin. Journal of Archaeological Science 40, 2771-82.

DESCOLA, Philippe. 2010. La Fabrique des Images. La Lettre du Collège de France, Paris.

DESCOLA, Philippe. & PONS, H. 2012. Más Allá de Naturaleza y Cultura. Amorrortu, Buenos Aires.

DUARTE, Nelly. 2017. Nokẽ mevi revõsho shovima awe “o que é transformado pelas pontas das nossas mãos” O trabalho manual dos Marubo do Rio Curuçá. Dissertação de mestrado. Departamento de Antropologia do Museu Nacional, Universidade Federal do rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

FAUSTO, Carlos. 2013. A máscara do animista: quimeras e bonecas russas na América indígena. En. Quimeras em diálogo: grafismo e figuração na arte indígena, editado por Severi, C. & Lagrou, E., pp. 305-331. 7Letras, Rio de Janeiro.

GOMES, Denise Maria Cavalcante. 2002. Cerâmica arqueológica da Amazônia: vasilhas da coleção tapajônica MAE-USP. EdUSP.

GOMES, Denise Maria Cavalcante. 2010. Os contextos e os significados da arte cerâmica dos Tapajó. Arqueologia amazônica, 1:213-234pp.

GOMES, Denise Maria Cavalcante. 2012. O perspectivismo ameríndio e a ideia de uma estética americana. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas 7 (1):133-159.

GOMES, Denise Maria Cavalcante. 2016. O Lugar dos Grafismos e das Representações na Arte Cerâmica Pré-Colonial Amazônica. Mana, 22(3): 671-703. Gomes, D. M. C. 2017. Politics and ritual in large villages in Santarém, lower Amazon, Brazil. Cambridge Archaeological Journal, vol. 27, 2:275-293.

GOMES, Denise Maria Cavalcante. 2017. Politics and ritual in large villages in Santarém, lower Amazon, Brazil. Cambridge Archaeological Journal, 2017, vol. 27, no 2, p. 275-293.

GOW, Peter. 1999. Piro Designs: Painting as Meaningful Action in an Amazonian Lived World. The Journal of the Royal Anthropological Institute. 5:229–246.

GUAPINDAIA, Vera Lúcia Calandrini. 2008. Além da margem do rio – as ocupações Konduri e Pocó na região de Porto Trombetas, PA. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.

HILBERT, Peter Paul. 1955. A cerâmica arqueológica da região de Oriximiná. Belém. Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará vol.9.

HILBERT, Peter Paul; HILBERT, Klaus. 1980. Resultados Preliminares da Pesquisa Arqueológica nos Rios Nhamundá e Trombetas: Baixo Amazonas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, 75:1-15.

INGOLD, Tom. 2000. Totemism, animism and the depiction of animals. In:The Perception of the Environment: Essays on Livelihood, Dwelling and Skill. Editado por Ingold, T., pp.112-131 2nd ed. Routledge, London and New York.JÁCOME, C. P. 2017. Dos Waiwai aos Pooco – Fragmentos de história e arqueologia das gentes dos rios Mapuera (Mawtohrî), Cachorro (Katxuru) e Trombetas (kahu). Tese de Doutorado. USP, São Paulo.

KNIGHT, Vernon. James Jr.. 2013. Iconographic method in new world prehistory. Cambridge University Press, New York.

KUBLER, George. 1967 The iconography of the art of Teotihuacan. Studies in Pre-Columbian Art and Archaeology, no 4, p. 1-40.

LAGROU, Els. 2007. A Fluidez da forma: arte, Alteridade e Agência em uma Sociedade Amazônica (Kaxinawa, Acre). PPGSA-UFRJ. Rio de Janeiro.

LAGROU, Els; PIMENTEL, Lucia Gouvêa; QUINTAL, William Resende. 2009. Arte Indígena no Brasil: Agência, Alteridade e Relação. Editora C/Arte.

LAGROU, Els. 2011. Existiria uma arte das sociedades contra o estado? Revista de Antropologia 1:747-780.

LAGROU, Els. 2013. Podem os grafismos ameríndios ser considerados quimeras abstratas? Uma reflexão sobre uma arte perspectivista. En Quimeras em Diálogo: Grafismo e Figuração nas artes Indígenas, editado por C. Severi & E. Lagrou, pp. 67-110. 1ª ed. Editora 7Letras. Rio de Janeiro.

LAGROU, Els. 2016 . Um corpo feito de artefatos. Palavras em imagens: Escritas, corpos e memórias,, p. 133.

LAGROU, Els. 2019. Learning to See in Western Amazonia. Social Analysis, 63(2):24–44.

MCEWAN, Colin.; BARRETO, Cristina. & NEVES, Eduardo Góes. (ed.). 2001 Unknown Amazon: Culture in Nature in Ancient Brazil. British Museum Press.

MEGGERS, Betty J & EVANS, Clifford. 1961. An experimental formulation of horizon styles in tropical forest of South America, En Essays in Precolumbian Art and Archaeology, editado por S. Lothrop. Pp. 372-88, Harvard University Press, Harvard.

MILLER, Joana. 2018 [2007]. As coisas: os enfeites corporais e a noção de pessoa entre os Mamaindê (Nambiquara). Mauad Editora Ltda, 2018.

MILLER, Joana. 2009. Things as persons: body ornaments and alterity among the Mamaindê (Nambikwara). The occult life of things: Native Amazonian theories of materiality and personhood, p. 60-80.

OLIVEIRA, Luisa Vidal de. 2018. Performance e Iconografia do Baixo Amazonas: A cerâmica ritual Konduri. Dissertação de mestrado. Departamento de Antropologia do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

PHILLIPS, Philip; BROWN, James A. 1982 Pre-Columbian Shell Engravings from the Craig Mound at Spiro, Oklahoma. 6 vols. Peabody Museum of Archaeology and Ethnology. Harvard University, Cambridge, Massachusetts, 1975.

SANTOS-GRANERO, Fernando. Santos. 2009. Hybrid bodyscapes: A visual history of yanesha patterns of cultural change. Current Anthropology, 50:477–512.

SEVERI, Carlo. 2003. Warburg anthropologue ou le déchiffrement d’une utopie. L Homme, 165: 77–128pp.

SEVERI, Carlo. 2010. El sendero y la voz: Una antropología de la memoria. Buenos Aires, 1ª ed. SB, 367pp.

SEVERI, Carlo. 2011. L’espace chimérique. Perception et projection dans les actes de regard. Gradhiva. Revue d'anthropologie et d'histoire des arts. 13: 8-47pp.

SEVERI, Carlo. 2012. The arts of memory: Comparative perspectives on a mental artifact. Journal of Ethnographic Theory, 2(2): 451–485pp.

SEVERI, Carlo. 2013. O espaço quimérico. Percepção e projeção nos atos do olhar: In Quimeras em diálogo: grafismo e figuração nas artes indígenas, editado por Severi, C., & Lagrou, E., pp. 25-66. 1ª ed. Editora 7Letras, Rio de Janeiro.

TAYLOR, Anne-Christine; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2006. Un corps fait de regards. Paris. Qu’est-ce qu’un corps, 148-199pp.

VAN VELTHEN, Lúcia Hussak van. 1975. Plumaria Tucano: Tentativa de análise. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. n° 57 Belém, Pará. 25 pp.

VELTHEM, Lúcia Hussak van. 2010. Artes indígenas: notas sobre a lógica dos corpos e dos artefatos. Textos escolhidos de cultura e artes populares. Rio de Janeiro, vol.7, 1:55-65pp.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1996. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana, 1996, vol. 2, 2:115-144pp.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2002. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. Cosac & Naify, São Paulo.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2004. Exchanging Perspectives: The Transformation of Objects into Subjects in Amerindian Ontologies. Common Knowledge, 10(3): 463–484pp.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2006. A floresta de cristal: notas sobre a ontologia dos espíritos amazônicos. Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), vol. 15, 14-15: 319-338pp.

Downloads

Publicado

2020-04-25

Como Citar

OLIVEIRA, Luisa Vidal. Figuras zoo-antropomorficas e seus adornos corporais: ponteado, linha incisa e modelagem na cerâmica Konduri (1000 - 1500 A. D.). Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 33, n. 1, p. 147–168, 2020. DOI: 10.24885/sab.v33i1.701. Disponível em: https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/701. Acesso em: 30 abr. 2025.