Por uma bioarqueologia das técnicas corporais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24885/sab.v34i3.928

Palavras-chave:

Arqueologia, Antropologia Biológica, Remanescentes Humanos

Resumo

Aqui exploramos o potencial informativo da análise de remanescentes humanos, quando o corpo é em si percepcionado enquanto tecnologia perecível. Como embasamento teórico, partimos do princípio de técnicas corporais descritas por Marcel Mauss, e demonstramos através de alguns exemplos como resultados de análises bioarqueológicas se enquadram em diversas das suas categorias. Longe de um exercício extensivo sobre todas as possibilidades de análise, pretendemos apenas levar o leitor a refletir como estes dados podem se enquadrar e complementar narrativas arqueológicas vigentes sobre sociedades pretéritas. Por fim, demonstramos ainda de forma breve como a análise de remanescentes humanos pode ser encarada como uma janela para explorar outras tecnologias perecíveis.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGARWAL, S. C.; WESP, J. K. Exploring Sex and Gender in Bioarchaeology. [s.l.] University of New Mexico Press, 2017.

BARNETT, C. H. Squatting Facets on the European Talus. Journal of anatomy, v. 88, n. 4, p. 509–513, out. 1954. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/13211471>.

BASTOS, M. Q. R. et al. Isotopic study of geographic origins and diet of enslaved Africans buried in two Brazilian cemeteries. Journal of Archaeological Science, v. 70, p. 82–90, jun. 2016.

BOULLE, E. L. Evolution of Two Human Skeletal Markers of the Squatting Position: A Diachronic Study from Antiquity to the Modern Age. American journal of physical anthropology, v. 115, n. 1, p. 50–56, maio 2001.

BOURDIEU, P. The Logic of Practice. 1. ed. Cambridge: Polity Press, 1990.

BUIKSTRA, J. E.; BECK, L. A. Bioarchaeology: the contextual analysis of human remains. [s.l.] Routledge, 2009.

BUIKSTRA, J. E.; UBELAKER, D. H. Standards for Data Collection from Human Skeletal Remains. Fayetteville, Arkansas: Arkansas Archaeological Survey Report Number 44, 1994.

CHAVES, S. A. de M.; REINHARD, K. J. Critical analysis of coprolite evidence of medicinal plant use, Piauí, Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 237, n. 1, p. 110–118, jul. 2006.

DIGIUSTO, M. N. Os sambaquieiros e os Outros: Estresse e Estilos de Vida na Perspectiva da Longa Duração - O caso do Litoral Sul de Santa Catarina. 2017. University of São Paulo, 2017.

DIGIUSTO, M. N.; WESOLOWSKI, V. Novas Inferências sobre o Sítio Arqueológico Içara-01 a partir da Análise dos Remanescentes Humanos. Cadernos do LEPAARQ (UFPEL), v. 16, n. 31, p. 33–52, 2019.

DLAMINI, N.; MORRIS, A. G. An investigation of the frequency of squatting facets in Later Stone Age foragers from South Africa. International Journal of Osteoarchaeology, v. 15, n. 5, p. 371–376, 1 set. 2005. Disponível em: <https://doi.org/10.1002/oa.791>.

ESCÓRCIO, E.; GASPAR, M. D. Indicadores de diferenciação social e de gênero dos pescadores-coletores que ocuparam a Região dos Lagos - RJ. Cadernos do LEPAARQ. Textos de Antropologia, Arqueologia e Etnologia, v. 3, p. 47–65, 2005.

FERREIRA, M. T. Para lá da morte: Estudo tafonómico da decomposição cadavérica e da degradação óssea e implicações na estimativa do intervalo pós-morte. 2012. Universidade de Coimbra, 2012.

FISCHER, P. F. Os moleques do morro e os moleques da praia: estresse e mortalidade em um sambaqui fluvial (Moraes, vale do Ribeira do Iguape, SP) e um litorâneo (Piaçaguera, Baixada Santista, SP). 2012. University of São Paulo, 2012.

FISK, C. M. et al. Breastfeeding and Reported Morbidity during Infancy: Findings from the Southampton Women’s Survey. Maternal & child nutrition, v. 7, n. 1, p. 61–70, jan. 2011.

GELLER, P. L. Conceiving sex: Fomenting a feminist bioarchaeology. Journal of Social Archaeology, v. 8, n. 1, p. 113–138, 1 fev. 2008. Disponível em: <https://doi.org/10.1177/1469605307086080>.

GOWLAND, R.; HALCROW, S. The mother-infant nexus in anthropology: small beginnings, significant outcomes. [s.l.] Springer, 2019.

GUEDES, L. et al. Tuberculosis in post-contact Native Americans of Brazil: Paleopathological and paleogenetic evidence from the Tenetehara-Guajajara. 2018.

IZIDRO, J. M. O Jazigo Funerário de Içara no Contexto Litorâneo Catarinense. 2001. Universidade do Vale do Rio dos Sino, 2001.

KENNEDY, G. E. From the ape’s dilemma to the weanling’s dilemma: early weaning and its evolutionary context. Journal of Human Evolution, v. 48, n. 2, p. 123–145, 2005. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0047248404001605>.

KING, C. L. et al. Let’s talk about stress, baby! Infant-feeding practices and stress in the ancient Atacama desert, Northern Chile. American Journal of Physical Anthropology, v. 166, n. 1, p. 139–155, 1 maio 2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1002/ajpa.23411>.

LARSEN, C. S. Bioarchaeological Interpretations of Subsistence Economy and Behavior from Human Skeletal Remains. In: SCHIFFER, M. (Ed.). Advances in Archaeological Method and Theory. San Diego: Academic Press, 1987. p. 339–445.

LEITE, D. et al. Paleogenetic Studies in Guajajara Skeletal Remains, Maranhão State, Brazil. 2014.

LEROI-GOURHAN, A. O gesto e a palavra: I- Técnica e Linguagem. Lisboa: Edições 70, 1964.

LESSA, A. Daily risks: A biocultural approach to acute trauma in pre-colonial coastal populations from Brazil. International Journal of Osteoarchaeology, v. 21, n. 2, p. 159–172, 1 mar. 2011. Disponível em: <https://doi.org/10.1002/oa.1118>.

LESSA, A. Do Pó Viemos e ao Pó Retornaremos: Pontuando Reflexões sobre Preservação de Remanescentes Esqueléticos Arqueológicos Humanos. In: CAMPOS, G. DO N.; GRANATO, M. (Ed.). Preservação do Patrimônio Arqueológico: Desafios e Estudos de Caso. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências Afins, 2017.

LESSA, A.; COELHO, I. S. Lesões vertebrais e estilos de vida diferenciados em dois grupos sambaquieiros do litoral Fluminense. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, v. 0, n. 20 SE-, p. 77–89, 9 dez. 2010. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/revmae/article/view/89914>.

LESSA, A.; RODRIGUES-CARVALHO, C. Marcadores de estresse ocupacional, atividades cotidianas, ambiente e escolhas culturais: uma discussão sobre estilos de vida diferenciados em três sambaquis do litoral fluminense. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (Ciências Humanas), v. 10, n. 2, p. 489–507, 2015.

LEVI-STRAUSS, C. Introdução à obra de Marcel Mauss: (in Sociologia e antropologia). [s.l.] Ubu Editora LTDA-ME, 2018.

LÍRYO, A. et al. Modificações dentárias na primeira catedral do Brasil, Salvador, Bahia. Antropologia Portuguesa, v. 18, p. 119–141, 2001.

LIRYO, A.; SOUZA, S. M. De; COOK, D. C. Dentes intencionalmente modificados e etnicidade em cemitérios do Brasil Colônia e Império. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (São Paulo), v. 21, p. 315–334, 2011.

MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Tradução de Paulo Neves, São Paulo: Cosac Naify, 2003. 536 p.

MELLO E ALVIM, M. C. de; UCHÔA, D. P. Efeitos do hábito de cócoras no tálus e na tíbia de indígenas pré-históricos e de um grupo atual do Brasil. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (São Paulo), v. 3, p. 35–53, 1993.

PEZO-LANFRANCO, L.; DEBLASIS, P.; EGGERS, S. Weaning process and subadult diets in a monumental Brazilian shellmound. Journal of Archaeological Science: Reports, v. 22, p. 452–469, 2018. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352409X17306983>.

RAMINELLI, R. Do conhecimento físico e moral dos povos: iconografia e taxionomia na Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira. História, Ciências, Saúde Manguinhos, v. 8, n. (suplemento), p. 969–992, 2001.

RODRIGUES-CARVALHO, C. Marcadores de estresse ocupacional em populações sambaquieiras do litoral fluminense. 2004. Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz, 2004.

RODRIGUES-CARVALHO, C.; SOUZA, S. M. de. Marcadores de Estresse Mecânico-Postural em Populações Sambaquieiras do Estado do Rio de Janeiro. Habitus, v. 3, n. 2, p. 241, 2007.

RODRIGUES-CARVALHO, C.; SOUZA, S. M. De. Uso de adornos labiais pelos construtores do sambaqui de cabeçuda, Santa Catarina, Brasil. Revista de Arqueologia (São Paulo), v. 11, p. 33–46, 1998.

SEEGER, A.; DA MATTA, R.; VIVEIROS DE CASTRO, E. A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. Boletim do Museu Nacional, v. 32, p. 2–19, 1979.

SELLEN, D. W.; SMAY, D. B. Relationship between subsistence and age at weaning in “preindustrial” societies. Human Nature, v. 12, n. 1, p. 47–87, 2001. Disponível em: <https://doi.org/10.1007/s12110-001-1013-y>.

SENE, G. A. M. A infância do gênero: A visibilidade das crianças na pré-história do norte de Minas Gerais. Habitus, v. 16, n. 1, p. 54–74, 2018.

SENE, G. A. M. Indicadores de gênero na Pré-História brasileira: contexto funerário, simbolismo e diferenciação social. O sítio arqueológico Gruta do Gentio II, Unaí, Minas Gerais. 2007. Universidade de São Paulo, 2007.

SIANTO, L. Parasitismo por Echinostoma SP (Trematoda: Digenea: Echinostomatidae) em populações pré-colombianas: um estudo de caso. 2004. Fundação Oswaldo Cruz, 2004.

SINGH, I. Squatting Facets on the Talus and Tibia in Indians. Journal of anatomy, v. 93, n. Pt 4, p. 540–550, out. 1959. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/14447095>.

SOUZA, S. M. De et al. Sepultamento IV do sítio arqueológico Lapa do Boquete, MG: patologias ósseas, parasitoses e doença de Chagas. Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico UFMG, v. 19, p. 209–223, 2009.

SOUZA, S. M. De. Deformação craniana entre índios Karitiana: análise de fotos de arquivo. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (série antropologia), v. 10, n. 1, p. 43–56, 1994.

SOUZA, S. M. De. Estresse, doença e adaptabilidade: estudo comparativo de dois grupos pré-históricos em perspectiva biocultural. 1995. Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ, 1995.

SOUZA, S. M.. de; RODRIGUES-CARVALHO, C. ‘ Ossos no chão ’: para uma abordagem dos remanescentes humanos em campo. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, v. 03, p. 551–566, 2013.

SOUZA, S. M..; REINHARD, K. J.; LESSA, A. Cranial Deformation As the Cause of Death for a Child From the Chillon River Valley, Peru. Chungará (Arica), v. 40, n. 1, p. 41–54, 2008.

STABILE, R. A. Ossos do Ofício: análise de marcadores de estresse ocupacional em séries esqueléticas de sambaquis da Baixada Santista - SP. 2017. University of São Paulo, 2017.

SUBY, J. A. et al. Cortical Cross Sectional Geometry of Tibia from a Skeletal Series of Natives from Brazil. International Journal of South American Archaeology, v. 9, p. 42–48, 2011.

TEIXEIRA-SANTOS, I. et al. The evidence of medicinal plants in human sediments from Furna do Estrago prehistoric site, Pernambuco State, Brazil. Quaternary International, v. 377, p. 112–117, 2015.

TESSONE, A. et al. Isotopic evidence of weaning in hunter-gatherers from the late holocene in Lake Salitroso, Patagonia, Argentina. American Journal of Physical Anthropology, v. 158, n. 1, p. 105–115, 1 set. 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1002/ajpa.22768>.

TILLEY, L. The Bioarchaeology of Care. The SAA archaeological record: New Directions in Bioarchaeology. Part II, v. 12, p. 39–41, 2012.

TORRES-ROUFF, C.; YABLONSKY, L. T. Cranial vault modification as a cultural artifact: a comparison of the Eurasian steppes and the Andes. HOMO, v. 56, n. 1, p. 1–16, 2005. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0018442X04000460>.

TRINKAUS, E. Anatomical evidence for the antiquity of human footwear use. Journal of Archaeological Science, v. 32, n. 10, p. 1515–1526, 2005. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0305440305000932>.

UBELAKER, D. H. Skeletal Evidence for Kneeling in Prehistoric Ecuador. American journal of physical anthropology, v. 51, n. 4, p. 679–686, nov. 1979.

VAN GENNEP, A. Os ritos de passagem. 3. ed. Preópolis: Editora Vozes, 2011.

WALKER, P. L.; COOK, D. C. Brief Communication: Gender and Sex: Vive La Difference. American journal of physical anthropology, v. 106, n. 2, p. 255–259, jun. 1998.

WASHBURN, L. S. The New Physical Anthropology. Transactions of the New York Academy of Sciences, v. 13, n. 7 Series II, p. 298–304, 1951. Disponível em: <https://doi.org/10.1111/j.2164-0947.1951.tb01033.x>.

WEBSTER, L. D.; DROOKER, P. B. Archaeological textile research in the Americas. In: DROOKER, P. B.; WEBSTER, L. D. (Ed.). Beyond Cloth and Cordage: Archaeological Textile Research in the Americas. 1. ed. Salt Lake City: The University of Utah Press, 2000. p. 1–24.

WEISS-KREJCI, E. The Formation of Mortuary Deposits: Implications for Understanding Mortuary Behavior of Past Populations. In AGARWAL, S.C; Glencross, B.A.(Ed.). Social Bioarchaeology. Blackwell Publishing Ltd, 68-106, 2011.

WESOLOWSKI, V. A prática da horticultura entre os construtores de sambaquis e acampamentos litorâneos da região da Baía de São Francisco, Santa Catarina: uma abordagem bio-antropológica. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000.

ZIPFEL, B.; BERGER, L. R. Shod versus unshod: The emergence of forefoot pathology in modern humans? The Foot, v. 17, n. 4, p. 205–213, 2007. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0958259207000533>.

Downloads

Publicado

2021-09-30

Como Citar

FERREIRA FIDALGO, Daniel Filipe; DIGIUSTO, Marina; STABILE, Rafael; ACETO, Beatriz; RODRIGUES, Igor; WESOLOWSKI, Veronica. Por uma bioarqueologia das técnicas corporais. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 34, n. 3, p. 45–65, 2021. DOI: 10.24885/sab.v34i3.928. Disponível em: https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/928. Acesso em: 7 out. 2024.

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)