De estruturas a corpos e seres
os vestígios perecíveis da Lapa do Caboclo em Diamantina, Minas Gerais
DOI:
https://doi.org/10.24885/sab.v34i3.938Palavras-chave:
estruturas vegetais, sepultamentos secundários, tecnologiaResumo
Parte dos vestígios botânicos e a totalidade de humanos da Lapa do Caboclo de Diamantina são representados pelo o que vimos chamando de depósitos vegetais estruturados e por sepultamentos secundários, que compõem juntos o contexto do Holoceno superior na lapa. Em junho de 2020, parte significativa deste material foi atingido e seriamente impactado pelo incêndio no Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais. Diante da perda, intentamos com este trabalho disponibilizar aquilo que não se perdeu no incêndio: dados das análises, das escavações, nossas memórias e interpretações serão sistematizadas e apresentadas, buscando refletir sobre as estruturas vegetais e sepultamentos a partir dos processos de construção das coisas - técnica e tecnologia - que as coloca em relação.
Downloads
Referências
BARCELOS NETO, Aristóteles. Apapaatai. Ritual de máscaras no Alto Xingu. São Paulo, Edusp, 2008.
BUENO, Lucas; Tecnologia e Território no Centro-Norte mineiro: um estudo de caso na região de Montes Claros, MG, Brasil. Revista Espinhaço, 2 (2), p. 168-186. 2013.
CABRAL, Mariana. Sobre urnas, lugares, seres e pessoas: materialidade e substâncias na constituição de um poço funerário Aristé. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v., 15, n. 3, p.1-20, 2020.
COUPAYE, Ludovic. Cadeia operatória, transectos e teorias: algumas reflexões e sugestões sobre o percurso de um método clássico. In: SAUTCHUK, Carlos Emanuel (org). Técnica e transformação: Perspectivas Antropológicas. Rio de Janeiro, ABA Publicações, 2017, p. 475-495.
DESCOLA, Phillipe. As Lanças do Crepúsculo. São Paulo, Cosac & Naify, 2006.
FAUSTO, Carlos. Inimigos Fiéis. História, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo, Edusp, 2001.
INIZAN, Marie-Louise; REDURON-BELLINGER, Michèle; ROCHE, Hélène; TIXIER, Jacques. Tecnologia da Pedra Lascada. Belo Horizonte: Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, 2017.
ISNARDIS, Andrei. Pedras na Areia. As indústrias líticas e o contexto horticultor do Holoceno Superior na região de Diamantina, Minas Gerais. Revista Espinhaço, vol 1, no 2. p. 54-67, 2013.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A Queda do Céu. São Paulo, Companhia das Letras, 2015.
LAGROU, Els. A Fluidez da Forma: arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica (Kaxinawa, Acre). Rio de Janeiro, Topbooks, 2007.
LEA, Vanessa. Riquezas Intangíveis de Pessoas Partíveis. Os Mbêngôkre (Kayapó) do Brasil Central. São Paulo: EdUSP, 2012.
LEMONNIER, Pierre. Elements for an Anthropology of Technology. Anthropological Papers. Museum of Anthropology, No. 88. Ann Arbor, University of Michigan, 1992.
LEROI-GOURHAN, André. Evolução e técnicas I – o homem e a matéria. Lisboa: Edições 70. 1984a.
LIMA, Tânia Stolze. Um peixe olhou pra mim. O povo Yudjá e a perspectiva. São Paulo, Ed UNESP/ISA/NUTI, 2005.
LINKE, Vanessa. Por uma discussão das cerâmicas em abrigo da região de Diamantina, Minas Gerais. FUMDHAMENTOS, v. xv, p. 69-91, 2018.
LINKE, Vanessa; ALCANTARA, Henrique; ISNARDIS, Andrei: TOBIAS JUNIOR, Rogério; BALDONI, Raíssa. Do fazer a arte rupestre. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 15, n. 1, e20190017, 2020.
MAUSS, Marcel. As Técnicas do Corpo. In: MAUSS, Marcel. Sociologia & Antropologia. São Paulo, Cosac & Naify, 2003 [1935], p. 401-422.
MENDONÇA DE SOUZA, Sheila et al. O Sepultamento IV do sítio arqueológico Lapa do Boquete, MG: patologias ósseas, parasitose e doença de Chagas. Arquivos do MNHJB. V. 19, p. 209-230, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.
NOVAES, Sylvia Caiuby. Funerais entre os Bororo. Imagens de refiguração do mundo. Revista de Antropologia. p. 283-315, São Paulo, USP, 2006
PELEGRIN, Jacques. A Tecnologia lítica à francesa. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 33, n. 1, p. 221–243, 2020. DOI: 10.24885/sab.v33i1.687.
PESQUISADORES WAJÃPI. I’Ã. Para nós não existe só “imagem”. Macapá: Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena – Iepé / Conselho das Aldeias Wajãpi, Apina, 2018.
PROUS, André. Apuntes para análisis de industrias líticas. Ortegalia, N. 2. Ortigueira, fundación Federico Maciñeira, 2004.
PROUS, André; FOGAÇA, Emílio. O Estudo dos Instrumentos de Pedra. Fabricação, Utilização e Transformação dos Artefatos. Teresina, Alínea Publicações Editora, 2017.
PROUS, André; SCHLOBACH, Mônica. Sepultamentos Pré-Históricos do Vale do Peruaçu – MG. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. N. 7, p. 3-211997.
RODET, Maria Jacqueline. Etude Technologique des Indutries lithiques taillée du bord fe Minas Gerais, Brésil. Thèse de doctorat. Nanterre: Université de Paris X, 2007.
SAUTCHUK, Carlos Emanuel. Técnica e/em/como transformação In: SAUTCHUK, Carlos Emanuel (org). Técnica e transformação: Perspectivas Antropológicas. Rio de Janeiro, ABA Publicações, 2017, p.11-36.
SHOCK, Myrtle. Holocene hunter-gatherer plant use and foraging choice: a test from Minas Gerais, Brazil. PhD Dissertation. Santa Barbara, University of California, 2010.
SEEGER, Anthony. Os índios e nós: estudos sobre sociedades tribais brasileiras. Rio de Janeiro, Campus, 1980.
SEEGER, Anthony; DA MATTA, Roberto; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. Boletim do Museu Nacional. Antropologia. No. 31, p. 2-19, 1979.
SOLARI, Ana; ISNARDIS, Andrei; LINKE, Vanessa. Entre cascas e couros: os sepultamentos ssecundários da lapa do caboclo (Diamantina, Minas Gerais). Habitus, v. 10, n. 1, p. 115-134 2012.
TEIXEIRA-PINTO, Márnio. Ieipari. Sacrifício e vida social entre os índios Arara (Caribe). São Paulo, Hucitec, ANPOCS, 1997.
VAN VELTHEM, Lucia. O Belo é a Fera. A estética da produção e da predação entre os Wayana. Lisboa, Assirio & Alvin, 2003.
VILAÇA, Aparecida. Comendo como Gente: Formas do Canibalismo Wari’. Rio de Janeiro, ANPOCS/EdUFRJ, 1992.
VIVEIROS de CASTRO, Eduardo. Araweté. Os Deuses Canibais. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, ANPOCS, 1986.
VIVEIROS de CASTRO, Eduardo. A Inconstância da Alma Selvagem. São Paulo, Cosac & Naify, 2002.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo; DE CAUX, Camila; HEURICH, Guilherme. Araweté. Um povo tupi da Amazônia. São Paulo, Editora SESC, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Andrei Isnardis, Vanessa Linke
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.