Revista de Arqueologia https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab <p>A Revista de Arqueologia é uma publicação gratuita produzida pela Sociedade de Arqueologia Brasileira que visa incentivar o debate e a socialização do conhecimento científico sobre o patrimônio arqueológico brasileiro.</p> Sociedade de Arqueologia Brasileira pt-BR Revista de Arqueologia 0102-0420 Corpos-urnas na arte e arqueologia da Foz do Amazonas: prerrogativas e percalços de uma pesquisa pretensamente pós-representacional https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/988 <p>A Foz do Rio Amazonas conta com sítios arqueológicos funerários povoados por diversos corpos em cerâmica. No presente artigo é apresentada a pesquisa desenvolvida sobre alguns tipos de corpos-urnas em contextos do sul do Amapá e ilhas de sua costa estuarina. A ideia é narrar os percalços de se desenhar e aplicar um método pós-representacional de análise, por meio do qual buscamos tecer contribuições sobre a arte indígena que floresceu na região até o contato com as frentes europeias. Debatemos, por meio dessa abordagem, sobre um regime artístico e de corporeidade no qual a mimeses e o figurativismo são possíveis aparatos na composição de seres diversos, e não valores ou recursos visuais por si só.</p> Mario Junior Alves Polo Copyright (c) 2023 Mario Junior Alves Polo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 103 126 10.24885/sab.v36i1.988 Antigas pesquisas, novas descobertas: a releitura do espaço ornado do sítio rupestre cosmezinho no sertão alagoano https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/970 <p>A ferramenta de aprimoramento de imagens DStretch® auxilia nas leituras de pinturas rupestres que apresentam baixo grau de conservação ou pouca visibilidade, facilitando a leitura de conjuntos parietais e ajudando na compreensão da cronologia de construção dos espaços ornados. Trabalhando sobre imagens fotográficas, a ferramenta possibilita a releitura de sítios já pesquisados, abrindo importante perspectiva na pesquisa em sítios rupestres. Este texto aborda os resultados da releitura do painel 5 do sítio rupestre Cosmezinho a partir da aplicação do DStretch® sobre os dados obtidos em 2009 . Essa nova leitura gerou elementos importantes para se discutir sobre a aplicação metodológica dessa ferramenta e o refinamento das leituras realizadas em relação à organização gráfica do painel estudado.</p> <p> </p> <p><a href="applewebdata://4748E119-3685-42C8-9C2D-11832604BAF8#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Os dados e imagens aqui utilizados foram obtidos no âmbito do <em>Programa de mapeamento, cadastro e conservação dos sítios de Arte Rupestre do Baixo São Francisco</em> coordenado por Paulo Zanettini e Antônio Cavalheiro e realizado em 2009, pela Zanettini Arqueologia.</p> <p> </p> Carolina Guedes Copyright (c) 2023 Carolina Guedes https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 127 144 10.24885/sab.v36i1.970 O uso do grafite enquanto escolha técnica em cerâmicas da tradição Aratu no sul da Bahia https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1005 <p>Este trabalho discute os resultados obtidos com a investigação de um contexto arqueológico vinculado à Tradição Aratu no Sul da Bahia, o sítio Canaã, no qual foram evidenciadas cerâmicas grafitadas e com antiplástico de grafite. Em um esforço inicial para compreender o processo de produção e distribuição dessas cerâmicas ao longo daquela região, pesquisou-se a sua procedência, e a dos seus materiais constituintes. Para tanto, foram examinados por meio da técnica da Fluorescência de Raios X portátil, fragmentos cerâmicos e amostras de grafite oriundas da Província Grafítica Bahia-Minas. Os resultados obtidos permitiram confirmar a hipótese de que o grafite utilizado nas cerâmicas se originou naquela província grafítica, e que o seu uso se deveu à escolha técnica das oleiras, em decorrência das propriedades específicas que o mineral apresenta.</p> Morgana Cavalcante Ribeiro Rodrigo Lessa Costa Maria Conceição Soares Meneses Lage Benedito Batista Farias Filho Copyright (c) 2023 Morgana Cavalcante Ribeiro, Rodrigo Lessa Costa, Maria Conceição Soares Meneses Lage, Benedito Batista Farias Filho https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 145 169 10.24885/sab.v36i1.1005 Classificação morfológica automatizada em cerâmicas Asurini do Xingu https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1028 <p>Neste artigo apresentamos um experimento de análise morfológica, realizado a partir de preceitos da Morfometria Geométrica em vasilhas cerâmicas Asurini, do Xingu. Nosso objetivo é fomentar discussões sobre a construção de um protocolo de captura automática de perfil cerâmico, de baixo custo e complexidade, com alto grau de confiabilidade. Deste modo, com o auxílio de ferramentas da morfometria geométrica, buscamos capturar informações matemáticas de perfis de exemplares cerâmicos de alta variabilidade, e compará-los entre si. Para tal tarefa, adequamos o protocolo de execução a contextos não biológicos, no qual efetuamos uma dispersão de pontos de referência de modo arbitrário, aplicada igualmente a todos os exemplares. Com isso, efetuamos uma coleta de informações baseada em pixels de imagem. Os resultados confirmaram que a análise de representações digitais de artefatos usando a morfometria geométrica permite classificações semelhantes àquelas utilizadas pelos grupos sociais que os produziram. Além disso, tal análise pode fornecer indícios sobre possíveis mudanças de função e manutenção na morfologia de vasilhas cerâmicas. Isso demonstra o quanto análises exploratórias por meio de ferramentas digitais podem auxiliar na compreensão de mudanças e permanências nos conjuntos artefatuais. A análise explanatória proporcionada por este experimento se colocou como um passo relevante na construção de um algoritmo para análise morfológica automatizada, alinhada a um programa continuado de restituição histórica de longa duração dos povos associados ao tronco linguístico Tupi.</p> Karla Bianca da Silva Oliveira Ângelo Alves Corrêa Fabiola Andrea Silva Copyright (c) 2023 Karla Bianca da Silva Oliveira, Ângelo Alves Corrêa, Fabiola Andrea Silva https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 170 183 10.24885/sab.v36i1.1028 Metodologias e arqueologia pré-colonial no Brasil: implicações epistemológicas e teóricas https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1009 <p>A escrita deste texto impôs-se a partir da falta de articulação entre arqueólogos especialistas na época pré-colonial e etnólogos, o que revela o empobrecimento dos conhecimentos produzidos por ambas as áreas no Brasil. O objetivo da pesquisa é, através da discussão acadêmica sobre metodologias de campo e de análise (se é que é possível separar tão nitidamente estas etapas do trabalho de produção de conhecimentos arqueológicos), refletir sobre as várias possibilidades de se fazer arqueologia e, com isto, contribuir para a compreensão mais qualificada dos coletivos indígenas pré-coloniais no Brasil, objetivo e objeto de todos os arqueólogos pré-historiadores. Inicialmente, partiu-se da reflexão, desde o ponto de vista teórico-metodológico, sobre a relação entre a Arqueologia Pré-colonial e a Etnologia Indígena, a partir de um panorama, mas enfatizando o contexto brasileiro. Ao final, pretendeu-se discutir e problematizar métodos e técnicas utilizados pela comunidade arqueológica brasileira durante os trabalhos de campo e na análise das informações e materiais recolhidos, a fim de refletir sobre as implicações epistemológicas e teóricas advindas do emprego de determinada metodologia, apontando para ênfases e prioridades, sem o intuito, contudo, de enrijecer ou de normatizar classificações ou tipificações.</p> Sergio Baptista da Silva Copyright (c) 2023 Sergio Baptista da Silva https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 184 198 10.24885/sab.v36i1.1009 Onde estão as quadrículas? A decapagem mecânica e suas contribuições para o estudo de unidades domésticas no contexto da arqueologia preventiva https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1015 <p>A partir dos anos 1980, a arqueologia de unidades domésticas surge como uma abordagem alternativa aos tradicionais modelos evolucionistas de escala regional. À medida que novas perguntas começaram a ser formuladas, houve a necessidade de modificar as estratégias de escavação, que passaram de pequenos cortes estratigráficos para a abertura de áreas amplas. Em diversos locais do mundo, o uso de maquinário pesado na abertura de áreas muito amplas se tornou uma prática comum em pesquisas de arqueologia preventiva e acadêmicas, permitindo o estudo de casas e outras estruturas de habitação no nível do assentamento. Apresentamos aqui uma experiência bem-sucedida em um sítio associado à Tradição Aratu, em que discutimos a relevância desse tipo de abordagem para uma arqueologia de unidades domésticas no Brasil.</p> Bruno Barreto Daiane Pereira Copyright (c) 2023 Bruno Barreto, Daiane Pereira https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 199 224 10.24885/sab.v36i1.1015 Paisagem cíclica, lugares de retorno: um estudo de resiliência cultural em Cerro Ventarrón, Lambayeque, Peru https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1014 <p>Com base nos conceitos de abandono, ancestralidade, memória e resiliência, esse artigo discute temas importantes para a pesquisa arqueológica voltada à compreensão de processos de constituição da paisagem. Além das cosmografias, entende-se a paisagem composta por movimento e dinamismo relacionados ao abandono, integrante das trajetórias históricas. Como estudo de caso, apresentaremos dados do Complexo Arqueológico Cerro Ventarrón, Peru. A discussão está embasada na literatura sobre essas temáticas, nos trabalhos de campo e resultados das análises disponíveis até então. Ao fim, acredita-se que as estruturas arqueológicas Ventarrón indicam que ali o abandono foi consciente, integrado aos processos de resiliência e fio condutor de ideias que permitiram e permitem a reprodução, colaboração e reciprocidade, alicerces do pensamento social nos Andes.</p> Marcelo Fagundes Marcia Arcuri Copyright (c) 2023 Marcelo Fagundes, Marcia Arcuri https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 225 244 10.24885/sab.v36i1.1014 Pelos caminhos das infâncias paulistanas entre os séculos XIX e XX: A cultura material associada às crianças do sítio arqueológico Praça das Artes https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/948 <p style="margin-bottom: .0001pt; text-align: justify; line-height: 150%;">Este texto analisou a cultura material associada às crianças identificada no sítio arqueológico Praça das Artes, localizado no atual Centro Histórico da cidade de São Paulo. Buscou-se, em fontes escritas, delinear as realidades sociais das crianças que viveram naquele espaço urbano durante o século XIX e primeiras décadas do século XX. A partir da memória literária No Tempo de Dantes, de Maria Paes de Barros (1998), procurou-se refletir acerca das vivências das crianças sob a perspectiva das próprias crianças.</p> Daniela Alves Copyright (c) 2023 Daniela Alves https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 245 261 10.24885/sab.v36i1.948 A fluidez das paisagens: arqueologia na confluência dos rios Parnaíba e Poti https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1054 <p>A perspectiva adotada nesta pesquisa se baseia no desenvolvimento do mapeamento profundo para especializar eventos, com intuito de compreender a continuidade da ocupação na confluência. Os resultados aqui apresentados se referem ao levantamento e estudo de quarenta sítios arqueológicos correlacionados aos eventos de ocupação humana na confluência. Considerando os dados numa perspectiva decolonial e crítica a historiografia positivista busquei a compreensão do fluxo de ocupação humana na Confluência e suas relações com a paisagem. Os resultados foram expostos em forma de textos, planilhas, mas também explorando a abordagem do mapeamento profundo e ArcGis Story Maps (ERSI). Durante o percurso do estudo foi possível perceber como o fluxo dos rios, coisas e pessoas nos permitem compreender os processos de ocupação humana na confluência. </p> Danielle Gomes Samia Ana Luisa Meneses Lage do Nascimento Copyright (c) 2023 Danielle Gomes Samia, Ana Luisa Meneses Lage do Nascimento https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 262 266 10.24885/sab.v36i1.1054 Abordagens educacionais para uma arqueologia parente com comunidades tradicionais da RDS Amanã e da FLONA Tefé, Amazonas. https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1062 <p>Esta tese tem como objetivo compreender o papel da socialização do patrimônio arqueológico com comunidades tradicionais inseridas em Unidades de Conservação de Uso Sustentável na Amazônia. Foram desenvolvidas ações com as comunidades de Boa Esperança, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDS Amanã), e de Tauary, na Floresta Nacional de Tefé (FLONA Tefé),ambas &nbsp;no Médio Solimões, estado do Amazonas. Foram realizadas escutas das histórias de vida de lideranças mais velhas, de professores/as e jovens, marcadas por um hibridismo entre a educação, a etnografia arqueológica e a história oral em decorrência da localização desta pesquisa na fronteira desses campos disciplinares. Também foram desenvolvidas práticas de educação patrimonial nas localidades, uma demanda constante e antiga das famílias e das escolas. Devido à organização de base comunitária das famílias, ao papel das relações de compadrio e ajuda mútua que mudaram suas histórias de vida, existe uma forte gramática local, que convida para a realização das pesquisas de forma colaborativa. Dessa forma, por meio dos aprendizados com as famílias, são apresentados alguns caminhos para uma tradução possível da arqueologia colaborativa, como uma “arqueologia parente”, que tem em sua centralidade a dialogia inerente aos trabalhos educativos. As ações de socialização se diluem nessa abordagem, pois são constitutivas de qualquer arqueologia realizada com essas comunidades. Também é favorecida a produção de histórias não lineares correlacionada às concepções e às memórias locais da materialidade com o tempo da história de longa duração indígena produzida pela arqueologia. Como resultado, é indicado o impacto latente de nossas práticas junto às famílias, o que faz emergir&nbsp; um rico contexto para a continuidade dos trabalhos, especialmente nessa perspectiva de se “tornar parente”. Também é discutido o contexto propício para a criação de museus comunitários, os quais podem contribuir para o gerenciamento dos referenciais culturais locais e para a gestão do patrimônio arqueológico, compreendido como um meio e não um fim em si mesmo.</p> Mauricio André da Silva Copyright (c) 2023 Mauricio André da Silva https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 267 270 10.24885/sab.v36i1.1062 Editorial https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1081 Andrei Isnardis Fernanda Codevilla Veronica Wesolowski Copyright (c) 2023 Equipe Editorial; Andrei Isnardis, Fernanda Codevilla, Veronica Wesolowski https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 1 2 10.24885/sab.v36i1.1081 Em Revista: memórias da comissão editorial da SAB. Entrevista: Adriana Schmidt Dias https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1079 <p>Nesta estrevista, Adriana Schmidt Dias, presidente da SAB na gestão 2022-2023, nos fala de suas experiências na Comissão Editorial da SAB e na editoria da Revista de Arqueologia, e conta um pouco das grandes mudanças do perfil editorial da revista desde a década de 1990, as quais acompanharam de perto as mudanças das características da publicação científica em Arqueologia e a transformação do sistema de pós-gradruação brasileiro ocorridas ao longo dos últimos 30 anos.</p> Fernanda Codevilla Veronica Wesolowski Copyright (c) 2023 Equipe Editorial, Fernanda Codevilla, Veronica Wesolowski https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 3 8 10.24885/sab.v36i1.1079 Da tinta ao byte. Entrevista: Cristiana Barreto https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1076 <p>A entrevista com a Dra. Cristiana Barreto, que foi uma das editoras da Revista da SAB no Biênio 2014-2015, rememora um momento fundamental da história da Revista: sua transição do formato tradicional impresso para o formato digital e o início do gerenciamento editorial através de plataforma de livre acesso. Na entrevista, Cristiana Barreto também reflete sobre alguns dos desafios atuais e futuros do periódico. </p> Fernanda Codevilla Veronica Wesolowski Andrei Isnardis Copyright (c) 2023 Equipe Editorial; Fernanda Codevilla, Veronica Wesolowski, Andrei Isnardis https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 9 18 10.24885/sab.v36i1.1076 Da pré-história à história indígena: (re) pensando a arqueologia e os povos canoeiros do pantanal – Reedição https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1078 <p>Nota dos editores: Esta é a republicação do artigo original de 2003: EREMITES DE OLIVEIRA, J. Da pré-história à história indígena: (Re) pensando a arqueologia e os povos canoeiros do pantanal. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 71–86, 2003. DOI: 10.24885/sab.v16i1.180, que está entre os mais citados da Revista de Arqueologia da SAB. Realizamos essa republicação como parte da comemoração pelos 40 anos da revista. </p> <p>Nesta tese de doutorado, o autor analisa criticamente a história e a historiografia da arqueologia pantaneira, desde a segunda metade do século XIX até fins do século XX, e aborda o processo de ocupação indígena das terras baixas do Pantanal, desde os primeiros pescadores-caçadores-coletores do período pré-colonial até os atuais canoeiros Guató. O objetivo maior é contribuir para a composição de uma história indígena total, em seus múltiplos aspectos e perspectivas espaço-temporais, a partir de uma abordagem interdisciplinar que emprega procedimentos teórico-metodológicos próprios da arqueologia, antropologia e história. Para tanto, foram utilizados dados contidos em fontes textuais diversas, informações recolhidas a partir da tradição oral dos Guató e os resultados de pesquisas arqueológicas, etnográficas e etnoarqueológicas. Foi possível demonstrar que a arqueologia pantaneira tem sido pautada pelo estudo de povos pescadores-caçadores-coletores – associados à macrotecnologia ceramista conhecida no Brasil como tradição Pantanal e a estruturas monticulares do tipo aterro – os quais se estabeleceram na região muito antes do início da Era Cristã. Nos dias de hoje, a arqueologia pantaneira reflete as mesmas mudanças de nuance constatadas para a arqueologia brasileira desde a década de 1980. Nos séculos XVI, XVII e XVIII, período de muitas disputas entre Espanha e Portugal pelo domínio do alto Paraguai, foram produzidos vários relatos que atestam a existência de um extraordinário mosaico sociocultural no centro da América do Sul, inclusive de um complexo de povos canoeiros formado por sociedades cultural e linguisticamente distintas. De todas essas sociedades, a dos Guató é a mais conhecida dos pontos de vista etno-histórico e etnológico, estando tradicionalmente organizada em grupos domésticos ligados por laços de consanguinidade, descendência e afinidade, relacionados a um particular sistema de patrilocalidade e patrilinearidade.</p> Jorge Eremites de Oliveira Copyright (c) 2023 Jorge Eremites de Oliveira https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 19 34 10.24885/sab.v36i1.1078 Duas décadas depois da publicação do artigo “Da pré-história à história indígena” https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1067 <p>Este artigo apresenta uma análise dos estudos realizados após a publicação, em 2003, do artigo “Da pré-história à história indígena”, que constitui o resumo de sua tese de doutoramento, sobretudo no que se refere à continuidade de pesquisas etnoarqueológicas e etno-históricas no Pantanal e regiões adjacentes.</p> Jorge Eremites de Oliveira Copyright (c) 2023 Jorge Eremites de Oliveira https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 35 48 10.24885/sab.v36i1.1067 A entidade arqueológica Goya-Malabrigo (rios Paraná e Uruguai) e sua filiação Arawak - Reedição https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1080 <p>Nota dos editores: Esta é a republicação do artigo original de 2012:G. POLITIS, G.; BONOMO, M. La entidade arqueológica goya-malabrigo (ríos paraná y uruguay) y su filiación Arawak. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 25, n. 1, p. 10–46, 2012. DOI: 10.24885/sab.v25i1.338., que está entre os mais citados da Revista de Arqueologia da SAB. Realizamos essa republicação como parte da comemoração pelos 40 anos da revista. </p> <p>Este artigo resume e discute a entidade arqueológica Goya-Malabrigo (GONZÁLEZ, 1977; CERUTI, 2003) à luz da nova informação gerada no Delta Superior do rio Paraná e no Paraná Médio. Este trabalho tem como objetivo caracterizar esta entidade, apresentar alguns novos traços distintivos e ajustar sua cronologia. Além disto, propõe-se a integrá-la à arqueologia da bacia inferior do Prata, em contexto mais amplo: o da dinâmica cultural das Terras Baixas Tropicais da América do Sul. Para isto, sintetiza-se os modelos de expansão ou “diáspora” arawak que têm desafiado os mecanismos clássicos de migração e que enfocam a compreensão dos processos de etnogênese. Finalmente, discute-se a filiação arawak da entidade Goya-Malabrigo, retomando a proposta inicial de Nordenskiöld (2009 [1916]), com base nas novas pesquisas sobre os modos de dispersão deste grupo etnolinguístico.</p> Gustavo Politis Mariano Bonomo Copyright (c) 2023 Gustavo Politis, Mariano Bonomo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 49 86 10.24885/sab.v36i1.1080 Goya-Malabrigo e a expansão Arawak 10 anos depois https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/1073 <p>Em 2012 publicamos um artigo sobre a entidade arqueológica Goya-Malabrigo e sua ligação com a expansão Arawak. Este artigo, escrito em espanhol na Revista de Arqueologia da Sociedade de Arqueologia Brasileira que será republicado neste volume especial, teve grande impacto na arqueologia das terras baixas da América do Sul, como atestam o alto número de citações e as discussões que gerou. Nele, redefiniu-se esta entidade arqueológica, que teve um significativo agenciamento histórico no Médio e Baixo Paraná, Baixo Uruguai e costa leste dos rios da Prata, e também explorou seu vínculo com a dispersão meridional do grupo etnolinguístico Arawak. Dez anos depois, houve um progresso substancial no conhecimento de Goya-Malabrigo e novos tópicos de pesquisa foram abertos. Como consequência do incentivo do artigo de 2012, foram realizados dois simpósios sobre esta entidade arqueológica, um no V Encontro de Discussão de Arqueologia do Nordeste Argentino (Goya, 2013) e outro no XIX Congresso Nacional de Arqueologia Argentina (Tucumán, 2016). Em 2018, uma série de artigos foi reunida relatando novos avanços sobre o assunto (Politis e Bonomo 2018) e novas questões foram geradas. Parte dessas contribuições serão resumidas e discutidas neste artigo.</p> Gustavo Politis Mariano Bonomo Copyright (c) 2023 Gustavo Politis, Mariano Bonomo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2023-01-18 2023-01-18 36 1 87 102 10.24885/sab.v36i1.1073