Mulheres do Jequitinhonha
Um diálogo entre arqueologia, história e antropologia
Palavras-chave:
Gênero, Teoria da Agência, CotidianoResumo
Este artigo analisa aspectos da contribuição feminina na ocupação do extremo sul da Bahia ao longo dos séculos XIX e XX. Dados procedentes de um salvamento arqueológico, das fontes históricas primárias e secundárias sobre a região e das informações orais obtidas com antigos moradores foram perscrutados no sentido de se apreender os universos sociais a partir das agências individuais e coletivas. A ênfase na atuação feminina permitiu evidenciar as mulheres como importantes agentes sociais no processo de ocupação do vale do Jequitinhonha, identificando as táticas por elas desenvolvidas na negociação de espaços de atuação social. Além de facilitar a identificação da reprodução de estruturas sociais, esse procedimento possibilitou apreender suas adequações e a criação de novas disposições sociais, principalmente através de agências individualizadas, de pequena escala, rotinizadas e potencialmente transformadoras.
Downloads
Referências
BOURDIEU, P. 2004. Coisas Ditas. São Paulo, Brasiliense.
______ 1997. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. Campinas, Papirus.
BRUMFIEL, E.M. 2000. On the archaeology of choice: agency studies as a research stratagem. In: DOBRES, M.A.; ROBB, J.R. (Eds.) 2000. Agency in Archaeology. London, Routledge, pp.249-255.
CERTEAU, M. 2000. A Invenção do Cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis, Vozes.
COHEN, I.J. 1999. Teoria da estruturação e práxis social. In: GIDDENS, A.; TURNER, J. (Orgs.) 1999. Teoria Social Hoje. São Paulo, EdUNESP, pp.393-446.
DOBRES, M.A.; ROBB, J.R. 2000. Agency in archaeology. Paradigm or platitude? In: DOBRES, M.A.; ROBB, J.R. (Eds.) 2000. Agency in Archaeology. London, Routledge, pp.3-17.
FIGUEIREDO, L. 1999. O avesso da memória: cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro, José Olympio.
FREYRE, G. 2004. Casa Grande e Senzala. São Paulo, Global.
GIDDENS, A. 2003. A Constituição da Sociedade. São Paulo, Martins Fontes.
HODDER, I. 2000. Agency and individuals in long-term processes. In: DOBRES, M.; ROBB, J.E. (Eds.) 2000. Agency in Archaeology. London, Routledge, pp.21-33.
LEAL, V.N. 1997. Coronelismo, enxada e voto. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
LIMA, T.A. 1995. Pratos e mais pratos: louças domésticas, divisões culturais e limites sociais no Rio de Janeiro, século XIX. Anais do Museu Paulista, Nova Série, História e Cultura Material, São Paulo, 3:129-191.
MAUSS, M. 1974. Sociologia e Antropologia. São Paulo, EPU.
SANTOS, M. 1988. O espaço geográfico como categoria filosófica: espaço em questão. São Paulo, Marco Zero.
SILVA, J.M. 2003. Um ensaio sobre as potencialidades do uso do conceito de gênero na análise geográfica. Revista de História Regional. Ponta Grossa, PR, 8(1):31-45.
SOUSA, A.C. 1998. Fábrica de Pólvora e Vila Inhomirim: aspectos de dominação e resistência na paisagem e em espaços domésticos (Séc. XIX). Dissertação de Mestrado. São Paulo, Universidade de São Paulo.
______ 2005. Arqueologia da Paisagem e a potencialidade interpretativa dos espaços sociais. Habitus. Goiânia, EdUCG: IGPA, 3(2):291-300.
______ 2006. Povoados de Cachoeirinha e Massaranduba (Vale do Jequitinhonha, BA): a relação entre espaço, agentes e contexto socioeconômico. Tese de Doutorado, Salvador, Universidade Federal da Bahia.
SPENCER-WOOD, S. 1996. Feminist Historical Archaeology and the Transformation of American Culture by Domestic Reform Movements, 1840-1925. In: CUNZO, L.A.; HERMAN, B.L. 1996. Historical Archaeology and the Study of American Culture. Delaware, The Henry Francis du Pont Winterthur Museum, Inc., pp.397-437.
PEREIRA, C.J.C. 1957. A Cerâmica Popular da Bahia. Salvador, Livraria Progresso Edit.
VILLELA, H.O.S. 2003. O mestre-escola e a professora. In: LOPES, E.M.; FARIA FILHO, L.M.; VEIGA, C.G. 2003. 500 Anos de Educação no Brasil. Belo Horizonte, Autêntica, pp.95-134.
WIED NEUWIED, M. 1940. Viagem ao Brasil. São Paulo, Companhia Editora Nacional.
WOBST, H. M. 2000. Agency in (spite of) material culture. In: DOBRES, M.; ROBB, J. E. (Eds.). 2000. Agency in Archaeology. London, Routledge, pp.40-50.
YENTSCH, A. 1991. The symbolic divisions of pottery: sex-related attributes of English and Anglo- American households pots. In: MCGUIRE, R.H.; PAYNTER, R. (Eds.) 1991. The Achaeology of Inequality. Oxford, Blackwell, pp.192-230.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Ana Cristina de Sousa

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.