Geoglifos da Amazônia ocidental

evidência de complexidade social entre povos da terra firme

Autores

  • Denise Schaan Universidade Federal do Pará
  • Martti Pärssinen Universidade de Helsinque
  • Alceu Ranzi Universidade Federal do Acre
  • Jacó César Piccoli Universidade Federal do Acre

DOI:

https://doi.org/10.24885/sab.v20i1.229

Palavras-chave:

Geoglifos, terra firme, sociedades complexas, arqueologia Amazônica

Resumo

Diferenças ecológicas entre os ambientes de várzea e terra firme (terra para agricultura, acesso aos recursos ribeirinhos e navegação) têm apoiado interpretações dos povos de terra firme como horticultores de coivara semi-sedentários, que nunca desenvolveram complexas instituições sociais ou cultura material elaborada. Esse artigo desafia essa posição, ao reportar a existência de centenas de estruturas de terra perfeitamente geométricas erigidas por populações pré-colombianas nos solos argilosos da Amazônia ocidental, no Estado do Acre e adjacências. Os geoglifos, como estão sendo chamados, indicam uma população expressiva, organizada regionalmente, vivendo por centenas de anos em um habitat que foi uma vez considerado como inadequado para sustentar complexidade social. Levantando algumas hipóteses sobre os construtores de geoglifos, os autores argumentam por uma revisão do modelo ecológico à luz das novas evidências.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CARNEIRO, R.L. 1960. Slash-and-Burn Agriculture: A Closer Look at Its Implications for Settlement Patterns. In: WALLACE, A.F.C. (Org.). 1960. Men and Cultures. Philadelphia, University of Pennsylvania Press, pp. 229-34.

CARNEIRO, R.L. 1961. Slash-and-burn cultivation among the Kuikuro and its implications for cultural development in the Amazon basin. In: WILBERT, J. (Org.) 1961. The evolution of horticultural systems in native South America: causes and consequences, a symposium. Caracas, Sociedade de Ciencias Naturales La Salla, pp. 47-67.

DIAS, A.S. 2007. Novas perguntas para um velho problema: escolhas tecnológicas como índices para o estudo de fronteiras e identidades sociais no registro arqueológico. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Série Antropologia, no prelo.

DIAS, O. 1977. Relatório do primeiro ano de pesquisas no Estado do Acre. IAB - MPEG/PRONAPABA.

______ 1979. Relatório do terceiro ano de pesquisas no Estado do Acre. IAB - PEG/PRONAPABA.

______ 1980. Relatório do quarto ano de pesquisas no Estado do Acre. IAB - MPEG/PRONAPABA.

______ s/d. As estrutras arqueológica de terra no estado do Acre, Amazônia Ocidental. Um caso de resiliência? No prelo.

DIAS, O. & CARVALHO, E.T. 1978. Relatório do segundo ano de pesquisas no Estado do Acre. IAB - MPEG/PRONAPABA.

DIAS, O. 1988. As estruturas de terra da arqueologia do Acre. Série ArqueoIAB. Publicações avulsas 1.

HECKENBERGER, M.J. 1996. War and peace in the shadow of empire: Sociopolitical change in the upper Xingu of southeastern Amazonia A.D. 1400-2000. Ph.D. Dissertation, University of Pittsburgh.

HECKENBERGER, M. J. 2005. The Ecology of Power: Culture, Place, and Personhood in the Southern Amazon, A.D. 1000-2000. Nova York & Londres, Routledge.

HECKENBERGER, M.J.; KUIKURO, A.; KUIKURO, U. T.; RUSSEL, J. C.; SCHMIDT, M.; FAUSTO, C., & FRANCHETTO, B. 2003. Amazonia 1492: Pristine Forest or Cultural Parkland? Science 301:1710-1713.

LATINI, R.M. 1998. Caracterização, Análise e Datação de Cerâmicas Arqueológicas da Bacia Amazônica, através de Técnicas Nucleares, Universidade Federal Fluminense.

MEGGERS, B.J. 1954. Environmental Limitation on the Development of Culture. American Anthropologist 56(5):801-24.

MEGGERS, B.J. 1971. Amazonia: man and culture in a counterfeit paradise. Chicago, Aldine Atherton.

______ 1977. Amazônia. A Ilusão de um Paraíso. Rio, Civilização Brasileira.

______ 1979. Climatic Oscilation as a Factor in the Prehistory of Amazonia. American Antiquity 44(2):252-6

______ 1994. Archaeological evidence for the impact of mega-niño events on Amazonia during the past two millennia. Climatic change 28:321-338.

______ 1995a. Archaeological perspectives on the potential of Amazonia for intensive exploitation. In: NISHIZAWA, T. & UITTO, J. (Org.) 1995a. The fragile tropics of Latin America: sustainable management of changing environments. Tokyo, New York, Paris, United Nations University Press, pp. 68-93.

______ 1995b. Judging the future by the past. The impact of environmental stability on prehistoric Amazonian populations. In: SPONSEL, L. E. (Org.). 1995b. Indigenous peoples and the future of Amazonia. An ecological anthropology of an endangered world. Tucson & London, The Unviversity of Arizona Press, pp. 15-43.

MORÁN, E. F. 1995. Disaggregating Amazonia. A strategy for understanding biological and cultural diversity. In: SPONSEL, L.E. (Org.) 1995. Indigenous People and the Future of Amazonia. Tucson and London, The University of Arizona Press, pp. 71-95.

NEVES, E. G. 2003. The Political Economy of Late Pre-Colonial Social Formations in the Central Amazon. Manuscript on file. São Paulo: Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.

NÍCOLI, I.G. 2000. Estudo de cerâmicas de sítios com estrutura de terra circulares do alto curso do rio Purus, por meio de métodos geoquímicos: Datação e caracterização, Universidade Federal Fluminense.

PÄRSSINEN, M.; RANZI, A.; SAUNALUOMA, S. & SIIRIÄINEN, A. 2003. Geometrically patterned ancient earthworks in the Rio Branco region of Acre, Brazil. Renvall Institute Publications. University of Helsinki 14:97-133.

PROUS, A. 1991. Arqueologia Brasileira. Brasília, UNB.

RANZI, A. 2003. Geoglifos. Patrimônio cultural do Acre. Renvall Institute Publications. University of Helsinki 14:135-172.

RANZI, A. & AGUIAR, R. 2000. Registro de Geoglifos na região Amazônica – Brasil. Munda 42:87-90.

______ 2004. Geoglifos da Amazônia - Perspectiva Aérea. Florianópolis, Faculdades Energia. RANZI, A.; FERES, R. & BROWN, F. 2007. Internet Software Programs aid in search for Amazonian Geoglyphs. Eos 88(21-22):226,229.

RANZI, A. & PÄRSSINEN, M. 2003. “Brazilian Amazon Geogliphs.” VI Simpósio Internacional de Arte Rupestre, San Salvador de Jujuy - Argentina, 2003, pp. 114-115.

ROOSEVELT, A.C. 1991. Determinismo ecológico na interpretação do desenvolvimento social indígena da Amazônia. In: Neves, W. A. (Org.). 1991. Origens, adaptações e diversidade biológica do homem nativo da Amazônia. Belém, PA, MPEG/CNPq/SCT/PR, pp. 103-41.

ROOSEVELT, A.C. 1999. The development of prehistoric complex societies: Amazonia: a tropical forest. In: BACUS, E. A. & LECERO, L. J. (Org.). 1999. Complex Polities in the Ancient Tropical World, pp. 13-33.

SCHAAN, D.P. 2004. The Camutins Chiefdom: Rise and Development of Complex Societies on Marajó Island, Brazilian Amazon. Ph.D. Dissertation, University of Pittsburgh.

SCHAAN, D.P. 2007. Uma janela para a história pré-colonial da Amazônia: olhando além - e apesar - das fases e tradições. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Série Antropologia, no prelo.

SCHAAN, D.P. & PLENS, C.R. 2005. Diagnóstico sobre a situação do Patrimônio Arqueológico na Área de Implantação das Linhas de Transmissão LT 138 kv Epitaciolância/ Rio Branco e LT 69 kv Rio Branco/ Sena Madureira (incluindo áreas das subestações). Museu Paraense Emílio Goeldi. Relatório inédito.

STEWARD, J.H. 1948. The tropical forest tribes. In: STEWARD, J. (Org.). 1948. Handbook of South American Indians, vol. 3. Washington D.C., Smithsonian Institution. Bureau of American Ethnology. Bulletin 143.

Downloads

Publicado

2007-06-30

Como Citar

SCHAAN, Denise; PÄRSSINEN, Martti; RANZI, Alceu; CÉSAR PICCOLI, Jacó. Geoglifos da Amazônia ocidental: evidência de complexidade social entre povos da terra firme. Revista de Arqueologia, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 67–82, 2007. DOI: 10.24885/sab.v20i1.229. Disponível em: https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/229. Acesso em: 12 out. 2025.

Edição

Seção

Artigo

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)