Cestos enterrados no Vale do Peruaçu
classificação e utilização dos artefatos têxteis e trançados dos sítios sob abrigo do norte de Minas Gerais
DOI:
https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.538Palavras-chave:
Artefatos vegetais, Classificação, Brasil CentralResumo
A rara preservação de artefatos trançados de fibras vegetais em sítios arqueológicos brasileiros resulta em um conhecimento restrito acerca desses materiais na pré-história. No vale do Peruaçu, Minas Gerais, os sítios Lapa do Boquete, Abrigo do Malhador, Lapa da Hora e Lapa do Caboclo apresentaram tais materiais excepcionalmente preservados, geralmente associados a depósitos de vegetais ou sepultamentos do Holoceno tardio. Apresentamos neste trabalho a coleção de artefatos trançados e têxteis de fibras vegetais do vale do Peruaçu sob a ótica do sistema classificatório de Berta Ribeiro (RIBEIRO, 1980, 1985, 1986b), explorando a maneira como esses artefatos foram depositados em seus respectivos contextos e chamando atenção para a importância e diversidade de artefatos perecíveis utilizados pelos grupos horticultores que ocuparam essa região.
Downloads
Referências
ADOVASIO, J. M. 1977. Basketry technology: a guide to identification and analysis. Chicago: Aldine Publishing Company. 182pp.
ADOVASIO, J. M.; HYLAND, D. C.; SOFFER, O. 1997.Textiles and Cordage: A preliminary assessment. In: SVOBODA, J. (Ed.). Pavlov I - Northwest: The Upper Paleolithic Burial and Its Settlement Context. Vol. 4. Brno: Institute Of Archaeology, Academy Of Sciences Of The Czech Republic, pp.403-424.
BALFET, H. 1952. La vannerie: essai de classification. L'anthropologie, Paris, 56:260-280.
COSTA, R. L. 2016. Palha e tala: estudo da tecnologia dos trançados entre grupos pré-históricos brasileiros. Tese Doutorado. Rio de Janeiro, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 231fls.
DUNNELL, R. C. 1971. Systematics in prehistory. New York/London: The Free Press & Collier Macmillan Publishers, 214pp.
DUTRA, L. 2013. Contas e colares: cadeias operatórias e ressignificação de artefatos e espaços na vida cotidiana dos ceramistas e horticultores da Lapa do Boquete, no Vale do Rio Peruaçu. Monografia. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 91fls.
DUTRA, L. 2017. Cestos enterrados no Vale do Peruaçu: classificação e utilização dos artefatos têxteis e trançados dos sítios sob abrigo do Norte de Minas Gerais. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 181fls.
DUTRA, L. & SILVA, M. M. C. 2016. Acervos Arqueológicos Pré-Históricos: o inventário como ferramenta essencial de uma política de gestão. IV Seminário Preservação De Patrimônio Arqueológico, Rio de Janeiro. Anais. Museu de Astronomia e Ciências Afins. p.389-401.
FREITAS, F. O. & RODET, M. J. 2010. O que ocorreu nos últimos 2000 anos no Vale do Peruaçu: uma análise multidisciplinar para abordar os padrões culturais e suas mudanças entre as populações humanas daquela região. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 20:109-126.
GILMORE, Z. I. 2015. Subterranean histories: pit events and place-making in Late Archaic Florida. In: GILMORE, Z. I.; O’DONOUGHUE, J. M. (Ed.). The archaeology of events: cultural change and continuity in the ancient southeast. Tuscaloosa: University Of Alabama Press. pp.119-140.
GOMES, D, M. C. 2002. Cerâmica arqueológica amazônica: vasilhas da Coleção Tapajônica MAE-USP. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 355pp.
HURCOMBE, L. M. 2014. Perishable Material Culture: Investigating the Missing Majority. London, Routledge. 276pp.
ISNARDIS, A. 2009. Entre as pedras: as ocupações pré-históricas recentes e os grafismos rupestres da região de Diamantina, Minas Gerais. Tese de Doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 280 fls.
JUNQUEIRA, P. A. & MALTA, I. M. 1981/1982. Horticultores e ceramistas pré-históricos do noroeste de Minas Gerais. Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico - UFMG, Belo Horizonte, 6-7:275-287.
KIPNIS, R. 2009. Padrões de subsistência dos povos forrageiros do Vale do Peruaçu. Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico – UFMG: Arqueologia do vale do Rio Peruaçu e adjacências, Belo Horizonte, 19:291-320.
MASON, O. T.1904. Indian basketry: studies in a textile art without machinery. Nova York, Double Day Page & Company. 513pp.
MCOMISH, D. 1996. East Chisenbury: ritual and rubbish at the British Bronze Age-Iron Age transition. American Antiquity, Washington, 70:68-76.
MOURA, M.T.T. 1998. Evolução do Sítio Arqueológico Lapa do Boquete na Paisagem do Vale do Rio Peruaçu – Januária, MG. Dissertação de Mestrado. São Paulo, Universidade de São Paulo. 208pp.
NEEDHAM, S. & SPENCE, T. 1997. Refuse and the formation of middens. Antiquity, Cambridge, 71:77-90.
O'BRIEN, M. J. & LYMAN, R. L. 2002. The Epistemological Nature of Archaeological Units. Anthropological Theory. 2:37-56.
O'NEALE, L. 1986. Tecelagem. In: RIBEIRO, B. G. (Ed.). Suma Etnológica Brasileira: Tecnologia Indígena. Petrópolis: Vozes/FINEP, pp.397-429.
PANISSET, A. M. 2011. O inventário como ferramenta de diagnóstico e conservação preventiva: estudo de caso da coleção “Santos de Casa” de Marcia de Moura Castro. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais. 268fls.
PILÓ, L. B. 1989. A morfologia cárstica do baixo curso do rio Peruaçu, Januária - Itacarambi, MG. Monografia. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais. 80fls.
POLLARD, J. 2008. Deposition and material agency in the early Neolithic of southern Britain. In: MILLS, B. J.; WALKER, W. H. (Ed.). Memory work: Archaeologies of material practices. Santa Fé: School Of Advanced Research. 2008. pp.41-59.
PROUS, A. 1991. Estudo arqueológico do Vale do Rio Peruaçu, Minas Gerais: fase 1. Relatório apresentado à FINEP. Belo Horizonte. 320pp.
PROUS, A. 1992/1993. Estudo arqueológico do Vale do Rio Peruaçu: Itacarambi/Januária. Relatório apresentado à FAPEMIG. Belo Horizonte. 280pp.
PROUS, A. 2009. Artefatos e adornos sobre suportes de origem animal, vegetal ou mineral (concha, casca de ovo, dente, osso, cera, fibras vegetais e calcita). Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico – UFMG: Arqueologia do vale do Rio Peruaçu e adjacências, Belo Horizonte,19:371-413.
PROUS, A; BRITO, M. E.; LIMA, M. A. 1994. As ocupações ceramistas no vale do rio Peruaçu (MG). Revista do Museu de Arqueologia e Enologia, São Paulo, 4:71-94.
PROUS, A. & SCHLOBACH, M. C. 1997. Sepultamentos pré-históricos do Vale do Peruaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 7:3-21.
RESENDE, E. M. T.; CARDOSO, J. S. 2009. Vestígios vegetais: arqueobotânica e técnicas tradicionais de armazenamento. Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico – UFMG: Arqueologia do vale do Rio Peruaçu e adjacências, Belo Horizonte,19:231-260.
RIBEIRO, B. G. 1980. A civilização da palha: a arte dos trançados dos índios do Brasil. Tese de Doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo. 590fls.
RIBEIRO, B. G. 1985. A arte dos trançados dos índios do Brasil: um estudo taxonômico. Pará: Museu Paraense Emílio Goeldi. 185pp.
RIBEIRO, B. G.1986a. A arte de trançar: dois macroestilos, dois modos de vida. In: RIBEIRO, B. G. (Ed.). Suma Etnológica Brasileira: Tecnologia Indígena. Petrópolis: Vozes/FINEP, pp.283-321.
RIBEIRO, B. G. 1986b. Artes têxteis indígenas do Brasil. In: RIBEIRO, B. G. (Ed.). Suma Etnológica Brasileira: Tecnologia Indígena. Petrópolis: Vozes/FINEP, pp.351-395.
RIBEIRO, B. G. 1988. Dicionário do artesanato indígena. São Paulo: Ed. da USP. 343pp.
RODET, M. J. 2006. Etude technologique des industries lithiques taillées du nord de Minas Gerais, Brésil – depuis le passage Pléistocène/Holocène jusqu'au contact – XVIII è mesiècle. Tese de Doutorado. Paris, Université de Paris X. 516fls.
RODET, M. J. 2009. O estudo tecnológico das indústrias líticas da bacia do rio Peruaçu: cadeias operatórias, métodos de debitagem, técnicas de lascamento. “Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico – UFMG: Arqueologia do vale do Rio Peruaçu e adjacências. Belo Horizonte. 19:415-440.
SENE, G. A. M. 2008. Indicadores de gênero na pré-história brasileira: contexto funerário, simbolismo e identificação social. O sítio arqueológico Gruta do Gentio II, Unaí, Minas Gerais. Tese de Doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo. 413fls.
SOUZA, S. M de; SIANTO, L; FERNANDES, A.; JANSEN, A.M.; VINCENTE, A. C.; KIPNIS, R.; FERREIRA, L. F.; DITTMA, K.; ARAÚJO, A. 2009. Sepultamento IV do sítio arqueológico Lapa do Boquete, MG: patologias ósseas, parasitoses e doença de chagas. Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico – UFMG: Arqueologia do vale do Rio Peruaçu e adjacências, Belo Horizonte, 19:209-230.
TAVEIRA, E. L. 1982. Etnografia da cesta Karajá. Goiânia: UFG. 196pp.
TOLEDO DE PAULA, T. C. 2006. Tecidos no museu: argumentos para uma história das práticas curatoriais no Brasil. Anais do Museu Paulista, São Paulo,14: 253-298.
VAN GENNEP, A. 1960. The rites of passage. Chicago: University of Chicago Press. 224pp.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Letícia Dutra Romualdo da Silva, Mercedes Okumura

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.